Maria
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Vôo dos Pássaros (III)
é. mas eu acho que tu também descobriste o que eu já sabia e estava tentando te dizer: eu nasci os dois: poeta e escritora.

se eu sei isso hoje - e também aceito -, é porque acredito mais em meu eterno mestre do que em mim mesma.

por isso, em cada linha que escrevi eu acho que queria que entendenssem isso e me deixassem escrever, somente escrever e escrever - em paz !

porque não preciso dessas regras, desses métodos, desses limites que pregas com tanta devoção para escrever uma poesia, para escrever um texto.

as poucas que preciso ter, já recebi ao me descobrir poeta e me foram reavivadas no devido tempo. mais, decerto não preciso, porque senão o silêncio não se faria em minha vida.

não, não preciso dessas regras todas. não preciso desse processo de primeiro fazer nascer o texto na inspiração e depois - para que possa viver - condená-lo a morte da transpiração.

para mim, os dois acontecem juntos. nascem em mim e morrem em mim, nascendo para a materialidade de ser. é assim. sim. escrevo e vivo. inspiro e transpiro. tudo numa coisa só.

por isso, não posso podar o texto. ele ficaria manco e eu me sentiria oca e vazia daquele que gerei, por não mais reconhecê-lo na materialidade do papel. não seria mais meu filho.

não, não preciso disso. continuarei a ser a mesma maria, uma pálida rosa de imperfeitas palavras, uma ave azul a dedilhar canções, a costurar versos, a garimpar letras, a cozinhar pérolas...

porque... minha poesia tem asas soltas, voa alada, nasce livre como um potro selvagem e se faz fogo e luz, se faz água, se faz rio que desagua no mar e pega carona nas vagas do vento muitas vezes em forma de furacão, de tornados, que aniquilam inclusive o ser de onde foram gerados.

é isso. sem mais, nem menos. é na imperfeição de minhas palavras que - para mim, e somente para mim -, se faz a perfeição da minha poesia.

espero que agora possas aceitar maria como ela é. a poeta, a escritora... pálida rosa de imperfeitas palavras, que se formam no vôo do pássaro, no deleite das alturas, nas profundezas do abismo, no avesso de mim...
Maria
Enviado por Maria em 06/06/2008
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