Maria
Prosa e Poesia
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Textos
Poetisa Triste
Hoje me chamaram de triste. Que minha tristeza emociona e faz chorar. Fiquei pensando muito sobre isso.

O que me faz chorar é o sofrimento, a dor, tanto a minha como a do outro. Meus olhos se inundam de lágrimas quando vejo a dor nos olhos de outra pessoa.

Choro quando quero dizer algo e não consigo, quando a emoção embarga a voz e faz crescer o coração dentro do peito.

Não creio que seja assim tão triste. Tenho momentos de tristeza causados pelas situações vividas. E acho que isso é comum a toda gente. Não acredito que possa haver no mundo alguém que nunca chorou. Alguns choram mais, outros menos. Mas todos choram.

Se não choram ao nascer, são forçados a isso, depois choram de fome, de dor, quando estão sujos, desconfortáveis, com sono, quando crescem choram porque se machucam, porque sofrem perdas, porque amam, porque não amam, porque são amados, porque não são amados.

Acho que chorar é tão bom para a alma. Mas, não quero que chorem por mim. Só quero falar o que sinto, o que penso.

Nunca pensei que o que escrevia fizesse alguém chorar. Nunca pensei sobre isso.

Na verdade, no fundo, no fundo, nunca penso sobre o que estou escrevendo. Escrevo....sinto... escrevo...

Não sei se está certo, se está errado, se é bom, se é ruim, não sei se vão concordar com o que digo ou não. Não me importa. eu penso assim. Amanhã posso pensar diferente, assim como o que pensei ontem já mudou em mim hoje. Tudo depende do momento, de como estou, de como sou.

Acho que o que escrevo reflete exatamente o momento que estou vivendo. Por isso é que tenho medo que as pessoas leiam o que escrevo. Porque vão me ver. Vão me descobrir, e disso eu tenho medo.

Vão ver a pessoa verdadeira que existe aqui dentro, o verdadeiro eu que tenta dia-a-dia se esconder. Eu sei que quanto mais escrevo mais vulnerável aos outros fico.

Mas me deixo conhecer. Porque quando falo, não digo o que sou, sou lacônica, mas quando escrevo então os dedos são uma extensão do coração...

E você sabe disso, porque me disse que colocava nos textos o que não falava.

É assim, porque quando falo, penso. E quando escrevo não penso.

A mente não existe, se confunde com a alma, se mistura com o coração e quem fala, é o espírito que vive lá no fundo do oco, do oco de mim.

Mas não quero que chorem por mim, não sou tão triste assim, falo da tristeza e dos sentimentos que são comuns a toda gente, acho que todos sentem, amam, sofrem, ninguém é tão diferente que não possa ser considerado um igual.

Eu penso que não sou diferente. Sou igual a tanta gente. Acho até que sou igual a grande maioria.

Porque a grande maioria passou pelo que eu passei, sentiu o que eu senti, mas tem medo de falar como eu também tinha uma vez.

E vejo, que cada dia vou perdendo mais o medo, cada dia vou assumindo mais o que escrevo, cada dia vou tendo mais coragem para dizer quem sou.

Você, que me lê, sabe disso. Viu meu último passo, como perdi o medo, como tive coragem. Tenho orgulho do meu último passo...
Maria
Enviado por Maria em 16/09/2008
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