E perco por falar,
falar demais,
enfastiar.

Sou feito criança
que descobriu
a primeira fala,
não pára mais,
até cansar.

E foi assim:
Assim que eu perdi.
Foi falando,
falando demais.
Cansando
quem eu achava,
adorava ouvir.

Mas isso ninguém sabe:

Que foram anos de silêncio,
anos de se calar.
Um dia, veio o vento
e de tudo me fez:
abrir a boca
e dizer.

E por isso eu falava,
porque sempre,
da insistência
em falar
me lembrava:

- fale, fale, fale,
e espere!
verás as luzes
das estrelas e
serás uma delas.

Agora, ganhei voz,
ganhei lugar,
mas perdi o tema,
perdi de todo
o que mais queria ganhar:

No coração,
um espaço eterno,
um ninho, um lar!