Maria
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Sabe, Moço?
hei, moço? você chora porque no dia do teu aniversário ficava sentado na calçada esperando os convidados chegarem?

porque ficava lá, tentando adivinhar quem viria dentro dos carros que viravam a esquina?

chora porque sempre tinha balões, cheios, coloridos, que depois, no fim da festa estavam murchos, soltos??

sabe, moço???

não chora não, não chora !

veja que neste dia, o sol brilha mais e a chuva parece música...

sabe moço, eu nunca vi os balões que viste, nunca tive os balões que tiveste - nem os cheios e nem os murchos -.

nunca fiquei sentada na calçada esperando os convidados chegarem.

nunca fiquei sentada na calçada esperando prá ver quem viria, prá adivinhar quem estava dentro dos carros que viravam a esquina...

nem calçada tinha na vila onde eu morava...

sabe moço, eu não sei em mim, o que é ter a alegria, sendo criança, de me fazerem uma festa de aniversário.

nunca tive uma ! nunca !

e todos os anos eu já sabia que iria ser assim.

eu sabia que a mãe faria um bolo, daqueles simples, amarelo, de ovos, que teríamos um almoço diferente, talvez arroz com carne picadinha, arroz com galinha, um suco de limão... e... um abraço... um beijo... e mais nada !

eu nunca soube o que era ficar esperando o dia chegar prá abrir os presentes. nunca tinha presentes prá mim nesse dia !

mas sabe moço, todos os anos, mesmo assim, eu esperava o mês de novembro chegar.

eu esperava o meu dia chegar com ansiedade...

e mesmo assim, eu achava que aquele dia era diferente, mais brilhante, que o sol brilhava mais no céu, ou se chovia, que o som da chuva parecia uma música... prá mim...

mesmo assim, eu achava o dia do meu aniversário o dia mais legal. me sentia importante, me sentia gente, me sentia alguém, amada, querida, abraçada, beijada...

e sabe moço, agora que eu sou grande as coisas não são diferentes...

sim, já fizeram festas surpresas prá mim !

já me trouxeram presentes... sim, muitas vezes... presentes, flores, festa...

e também... muitas e muitas vezes, ninguém lembrou de meu aniversário, ninguém...

o dia chegou e foi embora... e ninguém lembrou...

passou como um dia normal, comum...

só eu me sentia diferente, achava que ele brilhava mais, que o sol brilhava mais, ou que o som da chuva era uma música prá mim...
Maria
Enviado por Maria em 27/02/2011
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