Maria
Prosa e Poesia
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Acorda Gigante Adormecido! Acorda!
Homem

Não se lamente da vida e nem reclame do que te falta, que te foi dado e não quis nunca receber, nem tocar, quanto mais retribuir.

A culpa não é da vida e nem minha, se o amor bate em tua porta e o achas complicado demais. A culpa não é da vida e nem minha, se o amor abre a tua janela e tu a fechas e te escondes dentro da carapaça como uma tartaruga que tem medo de encarar o mundo.

Essa mania de reclamar que não é amado, que foi largado, abandonado só e em desamor, tem de acabar. É uma mentira que te aplicas para te desculpares pelas decisões e os caminhos que tu mesmo escolhestes para trilhar.

Não és um pobre e velho coitado, que nunca recebeu uma palavra de amor, que só recebeu "mentirinhas" - prá fazer a vida arder -, que foi enganado e esquecido pela vida, pelo amor, pela amada, pobre, sem dono e sem letras, na rampa dos desenganados.

Dizer que tua vida foi alagada, que és um pobre coitado condenado a dormir nas palhas, a morar na casa dos velhinhos, que és como uma flor que morreu ao léu, é ser ingrato para com a mulher que te ama, nunca te abandonou e te buscou acalentar e amar em cada hora do dia, mas de quem foges como o diabo da cruz.

Chorar e dizer que só te resta voltar para o seu mané da cachaça, para a mulher de cascalhos e sem asas para voar, é fechar os olhos para a água pura da nascente, e para as imensas asas de sonhar que todos os dias se dobram em oração pelos teus sonhos e pela vida que arde em ti.

É ser mal-agradecido para com os presentes maravilhosos que a vida te dá todos os dias ao abrir da janela de tua casa. E que visão esplendorosa. Que magnitude de paisagem tens a teus pés, bem diante dos teus olhos.

Não é todo homem que pode abrir a janela e contemplar o mundo lindo e maravilhoso que tu podes contemplar. Não é todo homem que tem ao redor de si um jardim como o teu, uma cama quentinha, as coisas todas que tu tens e tudo o que podes fazer e sonhar.

Não é todo homem que num domingo, sem saber o que fazer, pode "tretar" na casa e no carro como tu podes. Tem homens que nem casa tem. Existem homens que passaram a vida trancados num porão à mercê de gente depravada e sem escrúpulos que nunca colocoram o pé dentro de um carro de verdade como tu podes colocar quando quiser.

Nem todos os homens tem as tuas possibilidades de vida, nem as oportunidades que a ti todos os dias se apresentam. Se é a faina do trabalho que te cansa, lembra daqueles que gostariam de sentir este cansaço mas nem trabalho tem para ganhar o próprio dinheiro para viver. Se não sabes o que fazer com tuas coisas, cuide delas apenas, administre-as, mantenha-as, e lembre-se daqueles que nada tem, nem para se orgulhar de algo possuir.

És um privilegiado pela vida sim. Porque nem é todo homem que é acarinhado com palavras, abraçado e carregado pela ternura do amor, em todas as horas do tempo e do dia como tu és. Que recebe cartas de amor, canções doces e ameixadas de palavras que tantos sonhariam ouvir e não podem. Se não ouves, é porque não quer, mas todas são tuas e sabes disso.

Quantos homens queriam calçar em seus pés as sandálias da poesia como tu tens e fazes descaso deixando-as esquecidas dentro em um canto, em tua alma.

Quantos e quantos homens dariam tudo para receber de uma mulher chamada maria, as mesmas palavras que ela destina a ti e tu finges não escutar. Quantos homens - como o rio por exemplo -, gostariam de ouvi-las todos os dias como podes, de serem amados como és, adorados como tu, cada dia, durante tanto e tanto tempo, até a eternidade de luzes.

Então, pare de reclamar, és homem grande, jovem, forte, viril. Por isso levanta, toma outra vez o teu chapéu de palha e caminhe tua vida em direção ao céu dos deuses, a luz das estrelas, ao brilho da vida, deixando prá sempre, a morte de lado.

Recebe de verdade o amor que te é destinado e alegra-te pelo privilégio que é ser amado e adorado num mundo onde o amor verdadeiro não faz mais parte das páginas dos jornais e revistas, das mesas das famílias, do cotidiano da vida em sociedade.

Num mundo onde o amor verdadeiro é esquecido, trocado e vendido junto com o sexo em casas de luzes de neón e sem estrelas de luz verdadeira. Num mundo onde quem tem mais é que recebe numa bandeja um amor de plástico, um amor de vinténs, um amor que acaba em si mesmo, sem vida, sem retorno, sem brilho e sem eternidade.

Levanta! Ergue teus ombros e caminha altivo os dias que te restam sobre a terra, pois és homem de muita sabedoria, de trabalho, de conhecimento e sabes o que é a vida e o amor.

És homem da poesia, da vida, da festa de criança, homem forte, feito, homem de amar e ser amado. É esse homem que és, e não o outro que finges ser. É esse homem que conheço, que vi dentro de ti. É esse homem que o mundo precisa conhecer.

Só assim todo o sofrimento até aqui terá valido a pena. Só assim, a festa que não foi, mas tão querida, pode ser sonhada e almejada como um tesouro tão esperado.

E perdoa estas palavras duras, ditas nas linhas desta carta por alguém que sofre em vê-lo confuso, perdido, louco e sem rumo sem saber se navega prá cá ou prá lá.

Ouça as vozes do tempo como eu ouvi e deixa-te navegar para o regaço da mulher amada, para ser amado, adorado, acalentado e cuidado como deseja ardentemente a tua alma e anseia o teu espírito.

Essas palavras não querem ferir como tantas vezes já feriram. Elas querem mostrar que a vida é muito maior do que tudo. A vida é maior do que a morte. A vida é mais, muito mais do que podemos imaginar ou sonhar.

E, uma vida mergulhada no amor e na poesia como a tua é, é um dom, um presente que poucos recebem e tem. É um presente para fazer renascer todo dia a vontade de viver e amar!

Maria.
Maria
Enviado por Maria em 15/07/2011
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