Posso até ser uma grande poetisa, capaz de encantar palavras, vento e ilusões. Posso parar para pensar e ver, que nas sobras do vento que perpassa a minha poesia, sobejam lirismo e beleza. Posso aceitar que a minha poética é linda, divina e comovente, que a magia da poesia repousa justamente na redescoberta do verbo e que a minha forma de criar arte é impressionante. Posso até acreditar que sou só coração, força, vontade ferrenha, razão. Saber que posso sair de mim, me reerguer, provar que tenho um porque maior que me alimenta o espírito e a alma. Posso ter a certeza de poder chorar, que minhas lágrimas são um bálsamo para o meu coração e que lavam minha face para o sorriso que vai nascer. Posso ter a certeza que no horizonte do amanhecer, o sol brilhará forte, os bons sonhos renascerão e a vida terá continuidade. Posso até gostar de "juntar letrinhas", chamá-las de poesias, me mostrar do avesso, revelar sonhos e algumas fantasias... Posso até ser um gênio da poesia, a maior de todas as estrelas, a mais brilhante das luzes do céu. Meus poemas podem ser o máximo, em se dizendo apenas o mínimo... Posso ser a mais sábia das mulheres, aquela que descobre que quase todas as pessoas têm sonhos e geralmente não os realiza, simplesmente porque não consegue superar os empecilhos que tem dentro de si mesmo. Posso escrever as coisas mais lindas, tocar os corações do mundo inteiro, fazer rir e chorar o mais comedido dos homens, fazer acreditar o mais incrédulo deles. Posso ser tudo isso, saber tudo, fazer o mais, o melhor, o mais nobre e mais alto, mas sem você, sem seu amor, sem ser tua, nada disso tem significado ou importância em meu viver. Queria que você soubesse disso e soubesse que meu amor está acima de todas as mesquinharias do mundo e que para mim és muito mais do que tudo isso que o mundo pode me oferecer ou em mim realizar. Porque o amor é maior e vai além das fronteiras das palavras, dos limites de uma poesia, das reticências de uma carta escrita com sangue de dor e com lágrimas de amor...