Maria
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Textos
Fio Vermelho
...

E o tempo passou...

E, nestes dias quietos, caminhei de um lado a outro de mim, olhei-me em todas as minhas direções e conclui: hoje, não preciso mais, mas já precisei de psicólogos e psiquiatras num tempo onde não conseguia mais conciliar os fatos da vida externa com o meu interior virado em caos.

O que aconteceu, nem eu sei. Mas tudo de minha vida de fora, me afetava profundamente na minha vida de dentro. E, como tudo que acontecia fora de mim, balançava sobre um mar tempestuoso, o choque que isso causava com o meu interior em eterna ebulição vulcanizada, era desequilibrador.

E, eu não sei, mas não soube me controlar. Lá dentro, tudo se rebulia, se neblinava, se contorcia entre claros e escuros. Aqui fora tudo me consumia. E, deixei isso ir crescendo, derrotando-me, a tal ponto que adoeci fisicamente.

Nunca entendi e nem ainda entendo a minha mente, mas percebi que ela me influencia, que ela pode derrotar ou vitoriar meu corpo. E assim vivi algum tempo de minha vida, ora aqui fora, ora lá dentro, em constante luta comigo mesma, fazendo e brigando guerras que eu mesma criava e perdendo todas, voltando para dentro de mim como um soldado fracassado e no fim.

Os remédios me curavam o estômago em dor e fogo, a cabeça tonta e perdida, equilibravam a pressão desajustada e me faziam conciliar o sono, que já não era mais meu amigo reparador. Era um suplício só pensar em ter de atravessar mais uma madrugada... em desesperadora insônia.

Neste tempo, surge a escrita em minha vida. E eu que escondia tudo, não sei como, pensando estar ajudando alguém que - em minha imaginação, queria morrer - sofria desesperadamente com perdas, com tristeza, com sofrimento - destranquei as masmorras, abri as tramelas, quebrei as fechaduras de meu íntimo, de minha vida e derramei tudo nas linhas do escrever, das cartas, das longas prosas poéticas. E pensando ajudar alguém que aprendi a amar, fui ajudada.

A escrita foi a psicologia que me devolveu o equilíbrio. Sei que, por erros que cometi, por medo, por exagero, por não saber controlar meu gênio, falei sozinha por um longo tempo - e a emoção embarga a voz e choro só em pensar nisso -. Talvez ainda fale sozinha hoje. Como saber?

E, foi o meu escrever desatinado, as longas cartas que nunca foram lidas, que foram bloqueadas, apagadas, rasgadas, sem nunca alcançarem o destino para o qual nasceram, que foram a ponte que me levaram de volta ao ponto de partida para uma nova vida. Nelas, contei minha história, instantes, vivências tão pessoais e íntimas, carências, delírios e sentimentos tantos...

É como se o fato de escrever o caos que vivia, ao ver esse caos materializado, preso ao papel, ao texto, dele me libertava. Era como se um barco sem leme, tivesse encontrado um porto seguro onde se abrigar e desembarcar sua tripulação de sentires, emoções e vida.

Eu não fui compreendida nesta expedição tão necessária para meu encontro interior. E vivia conflitos diários. Tudo era confuso. Tudo se misturava. Cada detalhe de minha vida adquiria uma importância tremenda, imensa. E a leitura que eu fazia desses detalhes era espantosa, impressionante.

Sentia-me perseguida. Acreditava em tudo que me diziam, acreditava que era a pior das pessoas, desprezada, despedida sempre, odiada e amada aos extremos...

E, acreditei, que tudo que se falava, era dito para mim. Isso acreditei piamente e vivi cada um dos sentimentos que se intensificavam dentro de mim, a cada linha escrita, cada verso solto, cada ponto de exclamação, cada frase sozinha...

Hoje, olhando para trás, mesmo sem precisar reler meus textos, compreendo, que a minha escrita tem e carrega minha própria vida - refletida nela - inserida no contexto de cada palavra. Não entendo como, mas compreendo que é assim. Ela, a minha escrita, é a minha vida.

E se hoje fosse possível analisar meus textos de trás prá frente, na ordem em que foram escritos, eu mesma perceberia os caminhos tortos, perdidos, sem chegadas, sem saídas. Trilhas cheias de idas, sem voltas, túneis longos e ocos, poços escuros e profundos, cheios até à boca de lodo, lama, lágrimas, dor e sofrimento. Uma intensa e desesperadora procura por paz, paz, paz e alento, sombra, fontes frescas, asas, céu, ninho e aconchego...

Mas o que penso que mais marcou o meu escrever e que continua sendo o silencioso, mas gritante fio vermelho, que perpassa toda minha história, é o Meu Sonho mais lindo, unido ao imenso, ao grande e eterno desejo de viver: amar e ser muito, muito amada.

...

Nesta vida e... na eternidade de luzes.
Maria
Enviado por Maria em 05/08/2011
Alterado em 05/08/2011
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