Maria
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Textos
Um Pedaço de Papel
Não posso, não posso me calar. Não tem mais como ficar quieta, enquanto a desgraça anda solta.

Enquanto monstros enlouquecidos jogam anjos pelas janelas, enquanto guardiões da sociedade entregam à dor e a morte os seus iguais...

Enquanto cadeiras fraudulentas continuam a ranger de dor as portas do palácio central.

Enquanto dinheiro recolhido aos cofres públicos é engolido pela fúria da ganância desesperada dos mensaleiros, dos que pactuam com a injustiça, com a síndrome de apossar-se do que lhes é indevido.

Até os grandes nomes dos quais, não se podia duvidar a honestidade, o compromisso, apresentaram-se domesticados pelas facilidades do planalto.

E hoje, a ruína, a fome, a dor, infiltram-se como cobras, víboras venenosas, pelas ruelas de nossas vilas, pelas vielas de nossas cidades, assim como a desgraça chegada pela mão do exército que deveria proteger, que deveria agir com respeito e bom senso.

Até esse reduziu ao desespero os que fazem brotar o pão, colhem o leite, vigiam os frutos, penam nas fábricas, nas feiras e no mundo dos privilegiados.

O que vemos hoje em nossa sociedade? Nada diferente dos tempos dos reis e príncipes sanguinários, dos loucos governantes do nazismo e tantos outros “ismos” que existiram por aí.

Um recrudescimento dos crimes e de escaramuças. Uma loucura generalizada pela ganância em ter e mais ter...

O ódio se espalhou sobre a terra como as ramificações de uma fonte subterrânea no seio da pedra. E, como pernas de uma centopéia, estendeu-se para todos os lados e direções.

Os sinistros da morte ardem em nossos corações a cada telejornal, a cada página aberta, a cada onda falada.

A sociedade traz no coração, feridas tão profundas, chagas abertas pelo sofrimento a que foi submetida ano após ano, governo após governo, gestão após gestão...

Isso não pode mais continuar assim!

É preciso varrer das cadeiras políticas essas víboras destruidoras da paz e crescimento do País. É preciso que essa luta seja aberta, franca, forte, terrível, a ponto de provocar mudanças.

Mas, o que se espera de um simples falar num pedaço de papel?

É de arregaçar as mangas da camisa que se precisa, que se dominam idéias, que se ocupam lugares, espaços, e se derrubam portas fechadas, muros erguidos, que se faz da política um bastião fortificado, de idéias e ideais coletivos.

É preciso que os inimigos sejam contaminados com o sonho da mudança, com as brasas da transformação.

É preciso correr de norte a sul, de sul a norte, fechando todas as saídas para os paraísos fiscais, para as fugas legais.

É preciso que um dia o povo seja respeitado, ouvido e sua bandeira hasteada como símbolo de um novo mundo, de uma nova época na política hoje tão desacreditada, por conta dos salteadores, dos mercenários, dos abutres e falsários que hoje a dominam como objeto de conquista de seus desejos sórdidos de poder, dinheiro e mais dinheiro...

E se digo tudo isso, sendo apenas uma mulher, como a poeira da ralé, como a última das que deveriam falar, é porque não me constrangem ameaças sorrateiras e veladas.

Sei que a força de uma mulher é o dobro da do homem quando se trata de derrubar os fundamentos de uma cidade, e por isso acredito, que para erguer uma, ela pode usar da mesma força, sem fazer nenhuma.

Porque a mulher é força bruta, vencedora e aniquiladora de medos e falta de coragem. Sua força é sua arma. E nem com luvas das mais resistentes e macias se consegue manejar essa arma cortante que é a força de uma mulher que acredita no que diz, no que faz.

E essa mulher aqui, ainda acredita na mudança. Ainda acredita num novo mundo, numa nova sociedade. Numa sociedade justa e democrática.

Essa mulher, ainda acredita que é possível conquistar um mundo melhor. Ainda acredita! Por isso não cala ! Por sempre de novo, acreditar !
Maria
Enviado por Maria em 17/09/2011
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