Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos Fotos Livro de Visitas Contato
Textos
Bom de trago, isso sim...
Olha só quem está falando,
a mulher acusando,
de ficar em casa,
tricotando,
cerzindo meias,
ou então jogando pedra,
dizendo que é passeadeira.

enquanto ele fica o dia inteiro,
de pijama e chinelas,
sentadinho na varanda,
todo encarrapitado,
num copo de aguardente,
que a mulher, só lamente,
e o faça desse vício largar,
pois que a morte vai lhe levar,
como todos morrem,
mas sofrendo mais,
se conseguir velho ficar.

Se não vivesse do trago,
talvez conseguiria idosar,
e assim a vida lindinha levar,
para viver a preferida,
nalguma casa da vida,
ou num lindo lugar,
um jardim dos encantados
mas ele prefere ficar,
de copo e garrafa na mão.

e ainda sem trabalhar,
enquanto a pobre
da mulher, vive
de labor em labor,
nas lidas da faina diária,
dando uma de funerária,
entregando jornal,
costurando solidão,
amargando mágoas,
e enquanto ele só fala,
ela pena de escrivão.

Fica quieto porque
não sabe o que falar,
e nunca falou na verdade,
foi uma mentira,
que pregou
na coitadinha da mulher,
que caiu igual a uma pata,
noivou e ainda espera casar,
com trouxa de carregar,
cesto de vime, banheira,
fraldas, toalhas, mesa,
com novelo de lã, agulha,
roupa de passar e lavar,
arroz, pão, enfim...

cama, mesa e banho,
e tudo o que mais tem direito,
uma marido, guardião,
das chaves da gaiola de ouro,
que só abre,
prá velório,
funeral de parente,
amigo,
ou dela mesma...

onde a coitada da mulher,
presta serviço, a troco
de algumas moedas,
ou umas resmas de pão,
quem sabe uma barra de sabão,
praticando a profissão,
de uma feliz carpideira...

Mas que vida mais sombranceira...
Maria
Enviado por Maria em 27/01/2007
Alterado em 27/01/2007
Comentários