Esse tempo me assusta
com a lentidão
com que caminha.

Lerdo e cansado, parece
que esqueceu de mim
e de minha pressa em chegar
ao minuto seguinte, sempre
mais perto do que espero encontrar.

Devo estar engatinhando sozinha
neste chão, porque o silêncio
é de matar e a alma já se
encontra apreensiva
e acabrunhada outra vez.

Parece que neste mundo paralelo,
que gira ao redor de mim, não há
sequer espaço para adentrar,
visto que sou mais lenta
do que o próprio tempo.

Pareço um carro com freio
nas quatro rodas.
E se caminho,
vou de ré.
Se paro, andei
de pouco ou demais.

Nunca acho o ponto
de partida ou de chegada.
E nem amigos não devo ter mais,
porque não vi nenhum no dia de hoje.

Nenhum dos meus queridos
e coloridos amigos
com suas fraldas,
chapéus, chupetas
e bichinhos de pelúcia
apareceu, para estender a mão.

Cruzei em todas
as minhas moradas,
visitei todos eles pela manhã
e ninguém nem uma linha passou,
nem para dizer:

- A gente ainda
se importa com você...