O imensurável dos sentidos

Deixo o maino vento falar enquanto percorro, olhos úmidos e em silêncio, as linhas de uma carta profunda e bela. Guardo-a em meu espírito de claros e escuros que, aos olhos de alguém, mais parecem estrelas.

Não sei se ainda estarei aqui amanhã, mas sei que estás em cada linha que escrevo neste pergaminho do tempo. Nossas palavras e espíritos se encontraram dentro do tempo para nunca mais se separarem.

No vácuo do tempo sempre há o medo. Mas sim, quando se ama alguém profundamente, todo medo se dissipa e a morte não é nada além da passagem para outro encontro consigo mesmo e com o ser amado.

Quando se ama alguém sabe-se que se encontrou nossa metade, nossa alma gêmea, nossa pujança, nossa coragem. O nascer de nosso sol de amor.

São nada mais, nada menos que as linhas do tempo, os caminhos invisíveis, os territórios da alma que se entrecruzam e se encontram num caleidoscópio de luzes e sentidos.

Minha/tua missão eu sei e dela farei cumprir: tornar eternas e vivas nossas palavras.

"A beleza da surpresa é o inesperado do gesto, do dizer-se sempre próximo, junto, da gratidão e a felicidade imensurável pelo existir de si mesmo e do outro".

Foto: José Kappel