Maria
Prosa e Poesia
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Textos
À você que me escuta
Não estou falando do passado. Estou falando do presente, de um chapéu pendurado em teu pescoço e que escolheste outro igual para eu camuflar sua adoração. Falo do que encontrei de ti em outro jardim... Sabe o que eu vi? Amor, adoração, admiração, Foi isso que vi em tuas palavras. Por isso, eu sei o que elas significam. Eu não falo de um passado - e que eu não sei perdoar e continuo nele remexendo. Eu falo do tempo de agora.

Não sei se você viu, mas eu continuo desativada, bloqueada, recebendo seu silêncio, escrevendo cartas lindas sem receber resposta.

Entrego cartas diárias - me esmero em criar notas, partituras, afino bem as cordas de meu violino... mas sabe? Você está a me ouvir...  mas vai lá falar o que eu sonho para outra flor.

E não é um poema ou uma interação. É uma pessoa específica, com quem falas tudo que falavas comigo no passado. Então eu sei que a história está se repetindo. O que eu quero saber, logo, é... eu espero... ? Espero... ou vou para meu esconderijo de emergência e desapareço do mundo dos vivos? Eu só sei que não vou passar por toda dor que já passei. Não sou masoquista.

Se olhares bem - honestamente - você está lá, falando com uma flor que não sou eu e quando eu te visito... foges... não me olhas... não fala comigo... colocastes chaves e cadeados em tudo que é lugar. Só você tem acesso a mim, eu não tenho acesso à você.  Você sabe onde estou, o que faço, o que falo, com quem... tudo, tudo, tudo...  O que você pensaria no meu lugar? O que você faria? como reagiria? Se você fosse eu... como você reagiria vendo o que vejo? Vivendo o que eu vivo? Você sorriria feliz? Não sentiria ciúme não é mesmo? Pois é, não somos iguais...  Entrega tua poesia... siga feliz... a errada sou eu... a culpada... de entender tudo errado, de complicar o descomplicado...

Ontem você me disse: quero beijos, corpo colado... é isso mesmo que você quer? Só isso? Eu te dei a minha alma, o meu coração, os meus sentimentos. Mais colado do que isso eu não sei fazer...

Eu só sei caminhar... como foi até hoje. EU não abandonei VOCÊ. Eu sempre corri atrás. E continuo fazendo... Mas como disse aquela poeta - cansa, dói, faz feridas quando o sofrimento vem e a gente não sabe mais o que fazer, quando nos fazem sentir culpada, como se fosse nossa falta de amor que fez com o outro tomasse aquela decisão... é a mesma coisa que ouvi ontem: estou cansado de esperar a mesma poesia... a mesma via... ou: vejo que teus carinhos diminuíram... onde? Eu te acaricio com palavras milhões e milhões de tempo do tempo. E tentei, ah como tentei chegar perto, tocar, abraçar... eu tentei...

Enfim... deixa pra lá... não quero mais falar... meus olhos doem... são a minha janela pra você... e nem te vejo... só te ouço...  me pergunto se um dia, de fato, vou lhe ver... se vais tirar a máscara e colocar você no lugar daquele homem com chapéu... aquele que anda com um alforje fingindo ser eu... caminha apressado, não fala com ninguém... e embora carregue nossa janela nas costas... continua escondendo você de mim...

Eu já fui tantas vezes... e quantas fugi e quantas voltei... voltei... pra dentro de mim... outra vez...
Maria
Enviado por Maria em 20/11/2022
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