Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Ando pelos empórios da vida

em busca de altos decibéis e de salas em chamas.

Visto a pele dos sonhos e me ergo de flores

por sobre os umbrais da janela do tempo.

Não consigo ver o sol, mas sinto a sua luz

e o seu fogo no toque de pele.

 

Em meus marismas emocionais me quedo,

olhos perdidos na tela da vida,

procurando um abraço de esfera,
uma mão estendida

passando os dedos por entre os fios de meu cabelo.

 

Há um cansaço beirando os penhascos da vida.

Um momento fugas em que se luta contra as desistências

e os pensares que descem fundo no poço sem luz.

É onde se sente mais profundo a fragrância da solidão,

onde os antúrios metafísicos

são a companhia para a alma

que espia do alto da janela a vida passar, lentamente,

e se perder numa curva do canto do céu.

 

É quando o subsolo sobe pelo elevador

e o terceiro andar vira nuvem na sala sozinha e vazia...

O que há por detras disto? Não sei.

Ouvi falar dos rócios da vida que fazem calar até o sol

e o entortam de escuro e de avenidas de luzes desconfiadas de nadas.

 

Mesmo? Mesmo! E tudo passa rápido!

Com o tudo também passa o tempo e os dias a se viver.

Já temos mais tempo de morte do que de vida.

Um dia a mais de vida, um a menos para viver... dizem os sábios.

Na verdade, na verdade o que temos mesmo é tempo de morte.

Porque o futuro,o tempo de vida, não existe.

E o passado já foi.

O hoje é o momento e o segundo passa tão rápido

que num dia do calendário da vida

vivemos todos os tempos,

o passado, o presente e o futuro...

que assim que chega se torna passado diante dos nossos olhos

debruçados em somar o que vale e o que não vale a pena hoje.

E nem sempre o que vale para um, tem o mesmo valor para o outro,

ou, o que é urgente para um, o é para o outro.

 

Assim, todos vivem no tempo de esperas...

espera que sonho chegue,

espera da vida passar, 

e levar o sonho que chegou para um passado que não volta mais...

 

Foi assim que a erva da vida

pousou sobre os meus ombros doloridos.

Deixou ali um sonho inacabado, um sonho que ainda não é e já foi...

E foi o que ficou...

Ficou o sonho, esse, que foi!

Foi, foi um sonho sim! Aquele!

Da rampa da vida.

O sonho que, pra mim, ficou...

o que me foi dado realizar...

Foi o sonho que ficou...

e dele vou sempre sentir e lembrar... 

Maria
Enviado por Maria em 10/03/2023
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