Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Quando a gente dançava 

E tua voz é cantada na gaita de boca que faz a conexão

entre uma linha e outra da poesia.

E o grito que ecoa por entre as palavras,

e o sussurro que cintila quando os instrumentos se calam...

é a nossa melodia que me toca...

 

É que tenho saudades... de nossas noites de primavera

quando a gente dançava e se amava a noite toda

sem medo de não acordar amanhã...

se partir fossemos, teríamos dançado a música da vida

e nos amado com intenso furor...

 

E acalentávamos sonhos, e tínhamos urgência...

e dizias: temos pouco tempo, tempos muito pouco tempo!

 

Hoje, tenho saudade...

 

Tenho saudade de algo que parece que se perdeu

na demora do tempo que era pouco,

no passar do tempo em esperanças

que, aos poucos, foram se calando em mim.

 

Parece que a magia se perdeu...

voou para outros passados

e não soube mais voltar.

 

Tem algo que desconectou e eu não sei o que é...

talvez seja, me desconectando da vida....

perdendo aos poucos o tempo que me resta.

Como disse o Poeta:

estou morrendo há tantos e tantos passados do tempo,

há 55 horas... talvez seja esse o tempo da minha eternidade.

 

E tenho saudade das surpresas de cada dia

no jardim, na janela do tempo,

na caixinha do correio que o carteiro espantava..

 

Tudo se perdeu, silenciou...

O acreditar, a esperança...

Hoje, caminho bem só pelos corredores da vida

ninguém me vê

ninguém passa mais me desejando um dia bom

tocando meu braço na passagem...

 

Tenho saudade... sinto!

De algo que parece que se perdeu...

uma magia que brilhava

naqueles tempos áureos

em que tudo era surpresa

tudo era inesperado

e surpreendente...

 

Mas parece que isso se perdeu...

 

Você está deixando o tempo passar

e o sonho... sei lá!

parece que foi, aos poucos se indo...

a cada fuga para descer as escadas, os degraus subidos,

para deixar só... quem gosta de ficar sozinho, 

a cada saída triste pela solidão de um espaço

- pela fuga de um pássaro de fogo -

que deveria ser de encontro e felicidade...

 

E tudo foi ruindo... 

tudo foi se esmaecendo em demoras...

demoras que, hoje,

falam que o que se espera nunca virá...

 

Tenho saudade...

saudade do que se perdeu

no escoar das folhas que caem

e formam o tapete de folhas mortas

que, agora, meus pés trilham

desesperançados...

 

Algo se perdeu...

de nós... de mim...

talvez foi o acreditar

que se desprendeu

e voou para outros mundos...

onde falta o acalentar..

 

Talvez seja aquela alegria, aquela festa

pelo que havia chegado

e a ansiedade e prelúdio

de um sonho acalentado

e de que o abraço se fizesse carne...

 

Tenho saudade...

de nossa primeira dança...

quando dançávamos,

braços abertos na chuva,

a música do imperador...

 

Tenho saudade...

de quando tudo era alegria

tudo era felicidade

tudo era inesperado

e surpreendente...

Maria
Enviado por Maria em 03/04/2023
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