Maria
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Joaquim (II)
Seu moleque! Tu queres me matar é? Joaquim Moncks, fico feliz que te sentes instigado a rascunhar e des-rascunhar a partir dos comentários.

E sabes meu amigo. Eu não concordo contigo que devas alterar o texto lá onde ele foi publicado. Uma vez já me disseste isso e ao voltar a ler teu texto deixei um novo comentário. Eu concordo que possa se alterar, mudar, acrescentar e etc... mas eu acho que devias deixar aquele lá, já publicado no site (e é site e não saite - esquece essa coisa de abrasileirar - é assim que se escreve: site e pronto).

Tu devias sim, republicar o texto alterado colocando então alguma observação (re-editado).

Pensa. Se tu já tivesse publicado o livro e Maria fizesse um comentário que te levasse a alterá-lo... terias de fazer a alteração em outro lugar, menos no livro.... então...

Para mim este cantinho é um livro onde escrevemos todos os dias as maiores loucuras como me disse alguém, e as coisas mais certas também.

E queria dizer, que minha condenação por me ousar na poesia é... escrever, escrever, escrever. Porque pensar, meu amigo, para Maria... é um perigo.

E lembro mais uma vez, voltando a bater nas cordas da arena onde tu e eu já nos degladiamos no passado: Não quero vir a ser poeta se para ser um, tenho de ser como disse um deles:

"Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil à modas e compromissos".

E sabe por que? Porque se ele tivesse "pensado" tudo o que escreveu, seus poemas seriam bem diferentes. Aliás para maria, sua admiradora, alguns deles até deixariam de existir...

E ele mesmo não teria dito referindo-se à Camões: "És a linguagem".

"Tu és a história que narraste,
não o simples narrador.
Ela persiste mais em teu poema
que no tempo neutro,
universal sepulcro da memória".

Ora, se somos a história não podemos pensar como ela aconteceu, mas sim, registrar fielmente o momento que sentimos, presenciamos e vivemos.

E isto meu amigo Joaquim, está mais nos sentires do que nos pensares.

Assim eu entendo. Posso ter entendido tudo errado. Mas foi assim que entendi.

"O poeta não como narrador, nem como uma entidade que pertence a uma história, a um espaço, mas o poeta como linguagem, como homem escrito (um protesto cabe aqui - mulher escrita), como uma espacialidade outra, conquistada nos domínios da palavra" (Miguel Sanches Neto - sobre o poema de Drummond à Camões em A Paixão Medida).

Para mim, Maria, são três estágios os falados acima. ser, narrar, pensar.

E os colocaria nesta ordem: o narrador estaria entre o ser e o pensar a poesia.

Quem pensa a poesia, para Joaquim Moncks seria o poeta, quem narra a poesia para Drummond seria o simples expectador, mas quem é a poesia, no pensar de Drummond sobre Camões... esse sim, seria o verbo, a palavra, a vida fluindo em cada linha em cada verso. A história. A vida como ela é.

Veja que faço devaneios, eu mesma colocando-me de um lado à outro dos pensamentos.

É a emoção, o sentir. Que hoje me faz dizer isso diante de teu texto, mesmo sem nem entender se o que digo é certo ou errado. Mas é o que sinto.

Amanhã talvez "pensando" sobre o dito, me envergonharia a ponto de pedir-te para apagar e mudar.

E apagaria daqui esta carta.

Mas aí, entraria a máxima de Maria, aprendida hoje, à lancetadas, neste tempo que deu saltos em meu viver a poesia. (E olhe que infelizmente mudei muitos textos).

- "Faça um novo comentário, mude tudo, mas deixe a história ser como ela é. Foi o que você sentiu naquele momento. Não apague. Não mude".

Se você mudar o texto Joaquim, lá onde ele está, você deixa de ser a palavra para ser um mero narrador ou expectador dela. Se queres tanto mudar... Muda-o e re-edite. Assim você sempre será a história, a palavra, o verbo.

Agora vai. Prepara a funda e mata Maria de uma vez só. E certifique-se de que está mesmo morta. Porque senão, ela ainda vai te infernizar muito diante de tuas obras.

Ah! deixa eu lembrar: Maria é uma fênix!
Maria
Enviado por Maria em 26/02/2008
Alterado em 26/02/2008
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