O Silêncio Que Mantém na Linha
Uma vez me disseste que era calma demais.
Que enfrentava tudo com muita calma.
Sabe quando fico quieta?
Quando me calo?
Parece que estou calma,
tranquila, num lago plácido,
num céu sem nuvens...
Parece, mas não é assim.
O meu silêncio não é como o teu.
O meu silêncio é como uma avalanche.
Uma avalanche de desejos,
de vontades que crescem,
descambam dentro de mim,
incontroláveis.
Algumas vezes, não consigo
contê-las nem para fora de mim.
E preciso então falar.
Mas só quando sou desafiada para isso,
quando sou despertada para isso,
assim como você já fez.
Mas em geral, eu consigo
trancá-las dentro de mim.
Fecho a porta, coloca a tranca,
ergo muros, faço barricadas,
e não deixo sair nada, nadinha.
Ah! mas é só soprar uma brisa,
um ventinho do lado de lá, e pronto.
Todo meu arsenal de armas
contra avalanches de lavas de fogo
que se revolvem em meu interior
explode incandescente
e descamba em minhas palavras.
Por isso, teu silêncio
me mantém na linha.
Maria
Enviado por Maria em 03/06/2008