Matem-me !
E cadê a flor?
Onde foi parar a flor?
Está aqui, dentro de mim !
E em meio ao caos
dos pensamentos, pensei:
- Sou alguém.
Tenho um nome,
um endereço,
uma identidade.
Por que tenho de me esconder?
Não tenho nada a temer.
Temer o que? O mundo?
As pessoas?
Não, não tenho nada a temer.
Não devo nada a ninguém.
Minhas dívidas são comigo mesma.
Eu me devo anos de felicidade.
Eu me devo anos de ser eu mesma e agora,
quando sei que posso, vou me esconder?
Esconder de quem?
Só de mim mesma e de você
que me lê,
eu estaria me escondendo.
Então pensei:
- Se ali também tenho de ser uma flor,
se em todo lugar tenho de ser uma flor,
então a continuidade de minha vida está perdida,
pois que uma flor murcha e morre.
E eu?
Eu não quero morrer mais uma vez.
- Se tiver de morrer mais uma vez,
que seja hoje e para sempre.
E por isso deixei a flor dentro de mim
e vim pessoalmente.
Se não me querem assim
- mulher -,
matem-me hoje,
e nunca mais me verão aqui.
Maria
Enviado por Maria em 14/06/2008