Bastião e Mariazinha (VI)
Lá vai Bastião reclamando,
as chinelas arrastando,
consigo mesmo resmungando:
- Esses bichanos! Humpht!
De jeito nenhum me entendem.
Nada do que digo ou faço,
ainda mais a gatinha Marie,
se uso a mão gentil e carinhosa,
foge prá um canto, temerosa,
se esconde na paz de seu lar,
atiçando unhas prá me arranhar.
Mas que gatinha dengosa, fui arranjar!
Mal sabe Bastião que Marie
lá do seu canto escondida,
pensa o mesmo do seu dono
por isso vive assim fugida:
- Ele não me compreende...
acha que sou como as outras
me trata como gata comum.
Logo eu, de pêlo dourado
igual ao dele - o danado -.
Devia me abraçar apertado
me encher de amor e carinho
me nanar suave em seu colinho.
- Mas assim é a vida!
Diz a doce Mariazinha.
Do jeito que é com a gatinha,
ele age comigo - o malvado -!
Ele que por mim é adorado,
ao invés de sentir-se amado,
acha-se sempre desprezado.
Não me entende, se amofinha,
e me trata assim, com desdém.
Eu o chamo de amor, de meu bem.
Devia ficar feliz, maravilhado,
mas se acha um pobre coitado !
E olha, eu é que o diga, que sei!
E não minto, nem estou zoando,
esses dois vivem brigando.
Ela diz: Você é o Meu Rei!
Ele: Minha Rainha! na lei.
Passam o dia se abraçando,
as noites assim: se amando!
Mas logo brigam como gata e cão,
como galo e galinha de rinha.
Eu que vejo, até perco a linha.
Não entendo Mariazinha!
Muito menos, o tal do Bastião!
Maria
Enviado por Maria em 09/07/2008