Ser Simples Condiz Mais
Na vida nem sempre temos tudo o que desejamos ter em nossas mãos para sentir, pegar, tocar. Isso também aprendi desde cedo, quando passava diante das vitrines e via aquelas lindas e maravilhosas bonecas e não podia tê-las.
Minhas bonecas eram feitas de pano, por minha mãe, numa velha máquina de costura, daquelas que você precisava girar uma roda com a mão para fazer a agulha trabalhar.
Ou então, eu ia no milharal, que fingia ser uma floresta enorme e colhia as espigas de milho jovenzinhas, tirava um pouco das palhas e transformava-as em lindas bonecas de milho.
Quando a primeira boneca apareceu em minha casa, foi porque foi ganha numa roleta, e entregue, merecidamente para minha pequena irmã que a tem guardada de lembrança até os dias de hoje.
Então aprendi que nem tudo podemos ter, e que às vezes quando ganhamos não é de todo nosso. Precisamos repartir com outros. Isso é o mais duro da vida. Mas faz parte. Precisamos aceitar.
Mas sonhar é possível. E nos sonhos podemos ser e ter tudo o que queremos.
Simples? Sei que sou simples, demais até. Se você soubesse de que buraco vim, ficaria impressionado que hoje estou aqui.
Se fico triste em ser assim? Não, mesmo que às vezes me escondo para ninguém me ver.
Mas a vida é simples também, então penso sempre:
- Prá que complicar ou enfeitar?
Fico impressionada quando saio por aí e vejo muitas mulheres com um quilo de massa na cara, escondendo quem são, vestidas só para festas, equilibrando-se na rua, sobre enormes arranha-céus.
Olho prá mim, um perfume, um baton, um lápis, calça jeans, camiseta, um tênis, muitas vezes até um rabo de cavalo e fico me perguntando:
- Será que não sou mulher como as outras?
Andar na rua todo dia, com um quilo de massa sobre a face é ser feminina, mulher de verdade?
Acho que sou mais mulher-moleca que não é de toda hora ficar se enfeitando.
Não sei, acho que isso é para ocasiões especiais. No dia-a-dia da vida, ser simples, condiz mais.
Maria
Enviado por Maria em 01/09/2008