Maria
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Aconchego da Alma
Cruzando os braços sobre o peito, reclinou-se contra a parede fria da casa e ficou olhando pelas janelas.

Uma brisa gelada a fez aconchegar-se mais a si mesma. O frio parecia penetrar em seus ossos. As lembranças ainda eram vivas... alegres, felizes e dolorosas.

Ouvia o som das vozes, da música e sentia o cheiro do pão quente... que desvaneceu-se no ar...

Com um suspiro, endireitou-se e passou a mão pelos cabelos desgrenhados que já estavam pelos ombros outra vez.

Olhou mais uma vez pela janela. Agora vendo o mundo lá fora.

Uma enorme castanheira, com os galhos secos e estendidos em todas as direções ocupava todo o vão que ela podia ver.

O mundo lá fora continuava a girar, independente de ter parado no passado em seu interior.

Com a mão secou as lágrimas que deslizavam quentes pela face. Sentimentos misturados, se confundiam...

Tinha de ir. Como o tempo tinha passado. Meu Deus! Como o tempo tinha passado. E nem percebera...

O sol entrava pelas frestas das táboas do velho casarão deixando listras no chão batido que rangia sob seus pés.

Caminhou para a porta aberta... desceu os degraus um à um...

Ninguém nas redondezas. Somente ela, o céu azul e o vento gelado...

De olhos fechados, parada na imensidão que dançava ao seu redor em cores e sons, sem medo, atirou-se no colo de seu sonho.

Ali, com a alma aconchegada no calor dos braços feitos, era para sempre, o seu lugar.
Maria
Enviado por Maria em 07/09/2008
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