O sol se punha num espetáculo comovente, tingindo o céu de dourado e púrpura. Já se podia sentir, no ar, o perfume das flores da noite. Sentei-me num velho banco de pedra junto a um pé de caqui.

A noite caiu e algumas luzes se acenderam. Dentro de mim a escuridão escondia um mar revolto de sentimentos.

Onde estão os meus girassóis? Você sabe? Procuro-os. Preciso deles para viver... Onde estão os meus girassóis? Aqueles que não suportavam viver na saudade de ávidos lábios de melro??? Aqueles que eu via ao abrir os olhos a me sorrir. Aqueles que ansiavam que esse abrir de olhos fosse no seus jardins. Aqueles que desejavam ardentemente ser um dia um humilde girassol.

Onde estão??? Onde estão???

Procurei-os incessantemente. Fui atrás deles. Só os encontrei dentro de mim, onde não podia mais vê-los. Podia senti-los saboreando bagas maduras de caquis enquanto meus pés trilhavam terras que derretiam como gelo.

Senti-me mergulhando nas águas que se formavam em meu interior e deslizam pelos olhos cansados e doloridos de dor... transformando-se em tsunamis prestes à vulcanizar-se em palavras que não conseguem mais contar... nem encontrar...

Então será assim:

Muda, não causarei danos a mais nenhuma terra ou montanha...