Lágrimas na Madrugada
não, não sei o que sinto. uma angústia, uma tristeza, um medo do dia de amanhã. sim, sinto-me triste, melancólica.
tudo, tudo errado... nada devia ser assim. tudo devia ser diferente. não sei.
hoje perdi as forças. desmoronei feito uma jaca que cai repentinamente do pé que a sustenta.
tudo ficou escuro. tudo ficou sem sentido e vazio. estou com medo. na verdade estou com medo, muito medo do amanhã. medo do meu próprio ser. medo de minhas próprias decisões.
acho que sou humana. sou gente. como qualquer um. mas achei que era super mulher. assim, como aqueles super-heróis em quadrinho.
e... no entanto... não sei viver. não sei, não sei.
- Deus, tem misericórdia de mim e me leva logo para junto de ti. eu não sei mais como viver aqui. eu me perdi em alguma curva dos caminhos e não sei mais me achar.
ah! como eu queria alguém para conversar, para dizer o que queima, o que arde aqui dentro.
como eu queria que o sol estivesse me ouvindo e que me desse alento com seus raios de calor e amor.
sinto-me tão só. a alma nua e fria. sinto-me triste, triste. só quero chorar e derramar lágrimas de sangue pela dor que toma minha alma.
eu não mereço essa dor que tenho de passar. tenho tanto amor dentro de mim... não compreendo...
- ah! Deus, tem misericórdia de mim. permita-me fechar os olhos e acordar na tua eternidade. não quero mais sofrer. não suporto mais. não posso mais. não posso mais...
choro baixinho a minha dor. choro baixinho a minha angústia. a minha ansiedade pela eternidade de luzes.
choro baixinho o meu medo de viver em eterno sofrimento e dor. choro... choro baixinho os sentimentos que ardem, queimam em meu peito, em meu coração e não tem para onde ir, para onde se deixar levar...
choro... choro baixinho na madrugada... choro pelo dia que sonhei e nunca chegou em minha vida... pela perda dos sonhos... pela dor da perda...
choro pela espera perdida, pela espera do encontro, do eclipse da lua e do sol no universo, no infinito azul... seria um dia de fogos de mil luzes, de festa no céu...
choro... por tudo o que a vida roubou de mim sem dó nem piedade, pelo irmão que se foi prá sempre, pelo pai que me plantou órfã quando ainda crescida me reencontrou, pelo amigo que me descobriu, me fez nascer e depois sozinha me abandonou, pelo...
choro... pelo que vive em mim até eu morrer...
choro... choro calada, choro baixinho... choro...
Maria
Enviado por Maria em 22/04/2009