Poetas: Seres Inatingíveis
Os poetas, agora, me parecem tão inatingíveis, inalcançálveis. Seres sagrados e eternos. Tão sagrados e eternos que ninguém consegue se aproximar e tocar-lhes a vida.
Acho que uma aura de ¨não me toque¨ cerca os poetas e suas vidas tão secretas.
Por isso, não sou devo ser poeta, porque não quero que minha vida se torne tão sagrada que ninguém possa tocá-la, nem eu mesma.
Uma vez eu tive medo disso - de ser eu mesma -, mas aos poucos o perdi.
E agora eu quero, eu anseio, eu preciso ser eu mesma. Ser Mulher Maria. Ser Menina Mulher. Ser Maria.
Não ensejo ser poeta, mas quero continuar a escrever até morrer. Porque nos textos eu consigo falar o que não sei, o que nunca consegui dizer assim... falando...
Espero que não seja tão transparente assim, a ponto de perceberem que ainda não cresci e que talvez não queira e não precise mesmo crescer dentro de mim.
Por que? Porque as crianças conseguem ver o mundo de forma diferente dos adultos.
E desejo ser assim: como uma criança.
E como criança, poder viver cada dia intensamente, sem me preocupar com o amanhã.
E sem nem lembrar que ontem o sol se pôs ou que choveu torrencialmente dentro de mim, formando furacões que me atiram na imensidão do turbilhão de meus sentimentos tão intensos.
Os poetas não se permitem a esse descuido.
A construção da verdadeira e pura poesia - segundo os letrados em - nocauteada pela insípida ¨transpiração¨, não lhes permite darem-se ao luxo de, em seu interior, fazerem a poesia tombados pela glória da íntima inspiração...
Maria
Enviado por Maria em 18/05/2009
Alterado em 18/05/2009