Somente Para Ti (VI)
e quando o dia amanhecer e teus pés se perderem calados por entre as brumas que revestem a montanha, aproveita o silenciar para refletir a vida e as pessoas que ela contempla.
lembra-te que aqui nesta terra existem espíritos inóspitos e amargos e outros prenhos de luz e doçura de viver.
sejas tu um raio de luz a iluminar a vida dos que te rodeiam e faça resplandecer teu ser de amor e bonança de paz....
colhe as flores que nascem para ti e aprecia o entardecer que fulgura uma noite de sonhos e anseios realizados.
permita-te ser tomado pela paixão pela vida, à ponto de sacrificar-se em prol de sua existência.
siga sem medo os espíritos guerreiros que revolucionam para a paz, que transformam o mundo em um refúgio de amor, que demolem preconceitos, seduzem pedras e quebram os pedestais dos quadros de nossa vida transformando-os em brasas vivas para acalentar almas cansadas e curvadas pelo peso do tempo e da vida.
granjeie amigos e seja um deles também. e lembra-te sempre que a amizade não é uma questão de dogmas e princípios mas está alicerçada no amor e quando alguém finca raízes em nosso coração não há como arrancá-las dali com tanta facilidade.
atenta sempre para o fato de que as mulheres tem necessidade de harmonia e não conseguem viver sem estar sempre se aquecendo ao calor de seus próprios sentimentos. por isso amiúde uma certa mulher maria necescita desnudar o espírito e a alma em teu colo...
e acredita: existem homens que são loucos... que se dobram ao medo e preferem o hábito da comodidade à felicidade... à felicidade de amar e serem amados... mas isso pode mudar... basta desejarem deixar de apenas sonhar e moldarem o barro para construir estradas de realidade...
consagre sempre seu coração ao auxílio dos doentes, não se amarrando aos compromissos do cotidiano como desculpa para ao seu lado estar nos momentos de maior fragilidade e necessidade.
pelo gosto, e não por força das circunstâncias, tenha prazer em ouvir os experimentados da vida. ouça-os contar suas histórias, falar do seu passado, do legado que outorgam aos filhos, das tradições que cultuam, do Eterno que adoram em amor. eles precisam compartilhar para continuarem vivendo a história nos que os ouvem...
evite disputas e as feras agourentas da política podre e caústica que tem prazer em frangalhar espíritos guerreiros e reduzem comunidades à farrapos de cinzas. afaste-se deles. são corruptos e sem escrúpulos... não tem nada a ensinar de valor e só sabem destruir construindo em benefício próprio...
seja irmão dos que fazem seus pedaços de terra frutificarem e produzirem flores para alimentar e encantar almas famintas e sedentas do mundo. são essas as vidas que fazem... que acontecem e lançam à sua frente sonhos, expectativas de futuro e horizontes de possibilidades...
trabalhe para a subsistência do cotidiano e não amealhe fortunas que só servirão para os que não são flores nem frutos, mas cardos e espinhos a envenenarem uns aos outros de morte e dor.
não se aproxime de querelas religiosas que só ensanguentam e mancham de lama o mundo cristão. acredita e busca a espiritualidade real, que dá vida, que transforma, que alenta e faz o coração tremer de felicidade em adoração e louvor.
não tenha medo dos rumores do sopro do vento nos ramos, e nem das folhas que caem ao balançar de suas brisas, sem poder conter seu destino e caminho... ele carrega em seu seio a dor e a felicidade das estações que mantém girando a mola da vida da natureza, do ser humano e do todo do universo.
e por fim... nunca te esqueças que existe um elo à ligar nossas almas, um fio dourado de amor, respeito, amizade e ternura, que nunca, nunca se quebrou - embora tantas vezes tenha se rompido - e se fortalece nas tempestades, nas interpéries que o desatino do tempo nos arma.
não esquece em nenhum momento que mesmo sendo diferentes um do outro, somos semelhantes, somos iguais. e é isso que nos aproxima, nos faz ficar perto e nos constitui valor que perdura para a eternidade.
nunca deixe endurecer o teu coração, pois ele é morada do meu e a fragilidade que carrego se fortalece na ternura e delicadeza com que me tocaste a alma na primeira vez que nossos espíritos se reencontraram...
enterre as mágoas e feridas que cresceram chagas e romperam o fio de ouro por tantas vezes... elas aconteceram numa época em que muitas coisas ainda estavam ocultas ao espírito da flor...
hoje, na segurança do amor que floresce primaveras de já tantos milênios em meu peito, o tempo é diferente e iluminado pela certeza de sua presença em mim, tecendo sólidos fios de felicidade que modificam meu olhar interior...
por isso, hoje, o fio não pode mais ser rompido...
sinta-o ligando dois espíritos que são apenas um...
vai... fecha teus olhos enquanto teu coração me visita, e navegua na doce sensação de estarmos sempre unidos em pensamento, sem inquietação, na verdade sem ausências, na confiança e sua imunidade de luz...
Maria
Enviado por Maria em 13/07/2009