Para Onde Ir
Nunca estive tão sozinha... E assim, triste, pensativa, caminho pelas ruas solitárias... Contemplo o mundo que gira ao meu redor. Nada mais a dizer. Nada mais a fazer.
Ao longe o sol brilha sua luz, enquanto divaga sobre a vida. Como se a vida pudesse ser compreendida e como se as respostas estivessem nos pensamentos que temos a respeito delas.
A vida deve ser vivida. Com amor, com constância, com plenitude e honradez. O resto é resto. Sobra de lucidez que não mais concebe a loucura que é só nascer, viver e morrer.
Existe uma única resposta e essa ninguém quer. Está em Deus. Por isso todos fogem dela. Por medo Dele. Medo de saberem quem são na verdade. Medo de descobrirem de onde vieram e para onde irão.
Mas... nada mais importa agora nesta noite que nunca finda e onde as pálpebras não repousam. Cheguei a uma encruzilhada do tempo onde ele se fez tempestade e ameaça outra vez meu interior.
Não sou uma insana. A vida é que é, ao redor de mim. Ela gira tão rápido que me tonteia e me joga ao largo de mim mesma. E já não sei para onde ir.
E digo tudo o que solavanca dentro de mim. E o mundo descamba de minhas doideras. Por isso perco sempre. Por querer demais. Tudo.
Na verdade, ninguém me compreende. O sol nunca me entendeu, mesmo gritando aos quatro ventos que me compreendia até sem palavras. Mesmo atestando sempre que eu não precisava dizer nada. Se tivesse me entendido não teria me mandado para longe de sua luz.
Nem o rio me entende mais. Olho para ele e o vejo correr com suas águas para cada vez mais longe. Nada mais pode detê-lo no caminho que tem trilhado para si. Leva em suas águas a poesia que nasceu em seu coração e já pede para sair. Conduz-a ao céu. E lá os anjos contemplam sua linda oração... Que já não pede mais por mim.
Não preciso mais. Sou uma louca. Uma insana. Essa é a minha sina, dada pelo sol, pelo rio e pela vida que tanto me maltratou e tanta felicidade me deu.
Como compreender isso? Não há o que compreender. Só viver...
E assim... o tempo passa... O silêncio se faz nos cinco cantos da terra.
Insuportável!
Estou só... Lágrimas pendem no canto dos olhos. Todos vão para longe de mim.
E eu... Plantada nas terras deste vale, uma flor, de raízes presas... Não posso ir a lugar nenhum. Nem ao céu de mim mesma posso voar. Recolho meus pensamentos e me enrolo dentro de mim. Escondo-me lá bem no fundo, dentro de minha alma, na mais completa escuridão.
Aquieto-me. Aninho-me. Silêncio.
E assim, quietinha, dentro de mim, sozinha com meu espírito, passarei o resto das horas que me restam para viver neste novo mundo, onde, infelizmente eu não soube e por certo não mereço mais viver...
Não é uma despedida de mim. É uma despedida do mundo. Uma despedida do silêncio fora de mim e um encontro com o silêncio que impera em minha alma e clama para que lhe de uma chance de gritar para fora de mim.
Ninguém vai entender, eu sei. Ninguém nunca me entende. Despeço-me e me vou embora... Recolho-me... Vou só... Ninguém comigo quer ir.
Vou só... para além de uma estrada de tijolos amarelos... Ninguém comigo vai... Não há mais para onde ir...
Maria
Enviado por Maria em 14/09/2009