Maria
Prosa e Poesia
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Em Queda Livre
E não há mais o que fazer. Não há.

Perdi tudo. Até minhas palavras. Fugiram de mim como fugiram os raios do sol, como fugiram as águas amigas do rio, como fugiu a ave sem nome, que notívaga, escondeu-se na noite.

Fiquei só. Somente uma rosa ainda me vê. A rosa do escondidinho. Essa rosa amiga ainda me enxerga. Ainda me dá valor. O lindo valor da amizade.

E um velho ancião de vez em quando ainda lembra de mim, para dizer que está de braços abertos para me apertar junto ao seu coração.

De outras terras ainda ouço vozes tristes, que falam de uma saudade, da dor de não viver o amor que sonham.

Tenho medo. Não saio mais de minha casa. Não vou a lugar nenhum. Não falo mais com ninguém. Nem o que os meus olhos viram me traz mais alegria. Também para este horizonte não tenho mais vontade de olhar.

Não vou mais ao jardim encantado. Ele está sempre calado. Tudo é silêncio e escuridão. E me sinto tão culpada. E sei que a culpa é minha. E é duro viver com isso. É duro viver com uma carga tão pesada, tão pesada...

E eu o amava tanto, o amo...cada flor, cada janela do tempo...

A flor fenece a olhos vistos. A lua tinge-se de luto. O céu jaz na escuridão. Não há caminhos, nem estradas... Somente o abismo do universo... Onde caiu perdida uma estrela do céu... Para nunca mais nascer...

Não há mais o que fazer... Não há... Estou fenecendo num céu de estrelas... Tornei-me estrela cadente... Em queda livre na terra...
Maria
Enviado por Maria em 27/09/2009
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