Maria
Prosa e Poesia
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Textos
Embriões de Poemas
Hoje, mesmo sem nos conhecermos pessoalmente, posso dizer que somos amigos, mas, nossa amizade começou de forma um pouco diferente.

Você fez uma crítica feroz aos meus textos. E fiquei muito tempo ruminando o que me disse. Respondi todas elas e você pediu perdão e me aceitou como colega.

Agora, publico o que escrevi na época, para além do que lhe disse por e-mail.

"Você diz que meus textos não passam de embriões de poemas, confessionário íntimo, poesia da adolescência, sem transpiração, sem o pensar poético. Não há rimas, não há ordem, nada. Coisa de menina adolescente que almeja um dia ser escritora.

Eu queria lhe dizer:

- Eu não entendo de poesia. Não sei suas regras. Até tentei estudá-las mas desisti imediatamente. Também não sei se para escrever uma poesia é necessário mesmo cumprir toda formalidade. Eu só sei escrever. Sei dizer o que sinto, o que penso, o que está lá dentro da alma. E acredito naquilo que sinto e portanto no que escrevo. Se o que escrevo é um embrião de um poema fico feliz. Pelo menos sei que ainda é alguma coisa. Embora isso não importa para mim.

E eu sei muito mais do que isso. Eu sei que um dia alguém me disse:

- Há poesia em você. Ela torneia a tua alma, tua vida. Pra que esconder?

E então eu decidi desnudar a minha alma, que ficou presa durante tantos anos, encarcerada dentro de mim. Soltei as algemas, desatei as correntes e me deixei fazer menina e mulher em letras.

Mas eu sei também, que alguém disse que o que escrevia era poesia. E eu acredito nisso. E isso me basta.

Já me disseram que meus poemas são lápides de túmulos centenários. Já me criticaram por não ter rimas. Me criticaram por publicar demais textos e não deixar espaço para outros poetas na página central.

A poucos dias, num desabafo público, alguém perguntou porque não consegue perceber linhas e rimas em meus textos.

Nada disso me importa. Eu aprendi muito com a vida. Foi a vida que me ensinou o que sei, não um manual de viver.

Um dia alguém me disse:

- Os elogios me rubram, as críticas só me incentivam mais!

E eu aprendi com essa pessoa a pensar assim. E aprendi muito, muito mais do que isso. Aprendi que posso também fazer poesia, porque ela está em mim, em ti, ela está na vida, no mundo, nas coisas. A poesia está em todo lugar. Mas só um coração sensível pode enxergar.

E agora peço:
- Por favor, me deixem escrever. Eu só quero escrever. E só peço que me deixem escrever em paz. Eu não tenho mais muito tempo.

Perdi tantos anos de minha vida guardando um mundo dentro de mim.
Agora preciso revelar esse mundo, tirar lá de dentro e não tenho mais tanto tempo assim.

E quando meu tempo acabar e eu precisar parar de escrever, então alguém, alguém assim como você, se quiser, se achar que meus textos são uma afronta para o mundo poético, poderá pegar meus textos e arrumá-los, colocar o que falta, tirar, colocar, enfim, fazer o que é preciso para que um dia deixem de ser um embrião de poema e se transformem em poesia.

Mas por enquanto... Me deixem escrever. A vida é tão curta. E eu tenho motivos para ter pressa. Amanhã a escuridão pode chegar em minha vida e pode ser tarde demais para mim. Eu só quero falar.

Por favor, permitam que eu continue em paz".
Maria
Enviado por Maria em 05/10/2009
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