Ao morrer a busca encontrou
Hora de fechar os olhos
e descansar para sempre.
Merecido sono eterno
daqueles que viveram demais
com ânsias de vida e mais vida
e vida quero mais e cansaram-se
das fainas diárias
de um recanto de solidão.
Enfim, às véspera
de completar sessenta anos,
vivendo neste jardim,
esgotada e triste,
a ave deixa-se vencer pelo vazio
e pelo silêncio do dia
que o peso dos anos
sobre suas asas carregou.
Derrota! Luta inútil
a de tentar viver.
Já nem mais existe.
E as vozes que lhe falam
não se importam.
Nem uma lágrima vão derramar.
Alguém já disse que devia
mudar seu nome porque o seu
não era ideal para o canto de sua voz.
Ontem reclamaram seu sobrenome
que nem era seu, só tomou
do tempo do estimado da terra
que o nome de onde viera levou.
Se morrer ninguém vai ver.
Morre alguém que não existe.
Por isso, nem o sol
quis hoje aparecer.
Tempo de chuva, de trovoada
em todo seu sofrido ser.
É que é a hora,
grita o carrasco.
É a hora!!!
Mas que hora? geme a ave.
É a hora de morrer!!!
E agora para eternizá-la em solidão,
escreva na lápide o senhor do tempo:
Aqui jaz uma ave,
nascida e morrida
em sessenta anos
de busca interior
e ao morrer,
a busca encontrou.
Maria
Enviado por Maria em 25/07/2006
Alterado em 25/07/2006