Lágrimas da Vida (II)
Quando o dia amanhece e te encontra só, a tristeza invade a alma e as lágrimas da vida - aquelas velhas lágrimas da vida - voltam a rolar pela face. Nas horas vazias do dia, você não quer pensar em nada, mas os pensamentos voam qual ave perdida no espaço do infinito azul.
E você se pergunta porque algumas coisas só acontecem com você. Você se pergunta porque com você tudo é diferente. Você se pergunta porque tudo é tão difícil e incompreensível. Dá vontade de sumir nestas horas vazias do tempo. Desaparecer completamente numa curva da esquina da vida.
Você sente um cansaço tão grande de viver. Um cansaço extremo de só ser. Toda alegria parece desaparecer por um ralo, que se não existe de verdade, consegue se fazer bem presente e visível em momentos como esse.
E você se pergunta se vale a pena tudo o que você faz. Você se pergunta para que serve tudo o que você faz com tanto amor e dedicação, abrindo mão de coisas muito importantes e preciosas na tua vida.
Bate a saudade de coisas que ficaram prá trás. Bate uma vontade de voltar no tempo e fazer dele o ontem, onde tudo era tão alegre e tão natural e você era uma criança feliz.
E bate o arrependimento de coisas que você fez que só trouxeram dor e tristeza para tua vida e de outras pessoas. E você tem vontade de dar meia-volta na vida e desaparecer para sempre, prá que nem você mesmo se encontre mais.
Mas ir para onde? Encontrar onde um ombro amigo para falar o que se passa dentro de você? Encontrar onde, neste mundo de Deus, uma mão que te ampare e que vai entender você?
Melhor calar. Mais fácil desaparecer. E fazer o que já devia ter feito a muito tempo atrás para proteger-se do próprio eu.
Sem olhar a ampulheta do tempo, sem contar datas, deixar seu corpo cansado e seu espírito abatido deslizar mansamente pelas águas do rio que escoam pelo ralo da vida e aportar na solidão daqueles que sabem o que precisam fazer para protegerem-se de si mesmos. Silenciar ! Sem lágrimas...
Maria
Enviado por Maria em 05/08/2006
Alterado em 17/10/2011