Maria
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Monologando III
É. Nada melhor do que ser criança, brincar com as cores e fazer cada hora uma coisa diferente. A vida fica colorida, divertida e as curvas do arco-íris inundam a alma em criação. Mergulhamos nas águas exuberantes do mundo do encanto e da magia. E a ternura, a candura
e a inocência da criança fazem morada em cada canto de nosso ser...

Nunca fui dona de mim, sempre tinha alguém que decidia o que eu devia fazer. Desde pequena foi assim. E tudo o que fazia, nunca o fiz por mim, mas sempre pelos outros. Hoje, depois das águas de um mar
passarem por minha vida, olhando para mim, para o que sou, sabe o que vejo? Continuam decidindo por mim. Continuam falando o que é certo e o que é errado para mim. E ninguém, ninguém me pergunta nada. O que eu acho, o que eu penso sobre isso, sobre aquilo. Nnguém quer saber. A única coisa que ouço é: - Espero que você entenda! Eu entendo sim, mas não compreendo. Porque não me deixam pensar e decidir a minha vida, o que eu quero, o que eu desejo, o que eu vou fazer, em quais estradas vou andar? E ainda me dizem que sou dona de mim. Como ser dona de mim assim?

Sim, eu me perco por entre as regras que me foram ensinadas. Equeço-as ou ignoro-as, depende de como estou me sentindo no momento. Sempre embolei tudo. Sempre misturei tudo. Até hoje não entendo como pode que minha vida esteja embolada com minhas palavras. Nem entendo porque preciso de tantas palavras para falar
a mesma coisa que outros usam de apenas três. Eu preciso do ensino
que me foi prometido. Ainda espero inconformada, com a vida sem palavras que me foi outra vez imposta. Sorte dos azarados? Sim. Quem não nasceu para permanecer ligado à luz, vive na escuridão.

Sim, minha história é muito penosa. Choro só em recordar. A vida não foi mesmo generosa comigo. Não a vida em si, mas algumas pessoas
que cruzaram por ela em algum momento. Fizeram-me sofrer demais.
Sorveram minhas forças como abutres, como corvos esfomeados de dor. Foram tantas coisas juntas que nem mesmo sei como sobrevivi.
Mas consegui. E estou aqui. E não permitirei que nada, nem ninguém, me magoe outra vez assim. Não permitirei mais que me matem em vida como fizeram. Jamais. Nasci para viver e não vou morrer antes da hora outra vez.

A maldade vêm disfarçada em flores. E por isso não a percebemos. E quando vemos, já fomos atingidos pelas pontas de suas espadas. E o sofrimento pode nos levar a morrer em vida ou a nos deixar cair sobre o esquife antes mesmo de sabermos porque. Senti em mim a maldade das pessoas. Feriram-me no âmago do ser. Fizeram-me acreditar que não era ninguém, que não sabia nada, que não prestava para nada. Fizeram-me acreditar que o que fazia não tinha valor. E no meio da dor e do sofrimento aprendi, que sou preciosa, não pelo que faço, não pelo que represento, nem pela diferença de meu trabalho, mas pelo que sou. E sou Maria. E isso para mim, nem que seja só para mim, já basta!

Fui inocente diante do novo mundo que se descortinou à minha frente. Fui inocente. Acreditei nas pessoas, no que falavam e por fim
descobri sim, que era tudo mentira, que haviam interesses escondidos atrás das flores que recebia, curiosiodade pelo desconhecido, atração pelo mistério. E aprendi muito com tudo isso. Cresci. Amadureci para a vida. E sei, ainda vou aprender muito se continuar a caminhar minhas estradas.

Infelizmente não há como prevenir-se da maldade das pessoas. Como me prevenir de quem quer magoar? Impossível. A gente só descobre que devia ter se prevenido, que está machucada, depois da ferida aberta. Então é tarde demais. Eu não sei como fazer isso. Não sei como seguir esse conselho. Não vejo como prevenir-se contra mágoas causadas deliberadamente por alguém. Como fazer isso? Eu ainda preciso aprender.

O sol sempre acordou cedo. Seus raios já tocavam a montanha azul
quando meus olhos se abriam. E vejo que continua assim. Dia após dia. Eu, ainda envolta em sonhos de montanhas, reis, raios de luz
e gatos no telhado e o sol já brilhando intensamente no dia que já nasceu. Assim é a vida: Cada um no seu lugar !
Maria
Enviado por Maria em 25/07/2010
Alterado em 27/07/2010
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