de longe olho você
e não consigo entender,
por que foges e te escondes
por entre a neblina e a fumaça
que te abraçam sem perdão,
destruindo o que tens de mais lindo
dentro do teu coração...

os tesouros de tuas matas,
as flores que te enfeitam,
os passarinhos que cantam
do alto dos fios de alta tensão,
por não terem mais onde pousarem
pois árvores foram ao chão.

te vejo assim tão calada,
espreitas, observas,
pareces estar à caça
da eterna felicidade
e no entanto vives
como os travesseiros da janela
bem perto, mas longe dela,
abrindo clareiras entre vocês,
onde devias pontes construir
mas de medo deixas tudo ruir,
fugindo da tua verdade.

e choras com a chuva que cai,
ficas envolta em neblina
e não te entregas jamais
a quem só quer o teu bem.
não aceitas o abraço, o alento,
da flor que te ama, admira,
que se entregou por inteira,
sentimentos, vivências,
dando a ti tudo o que tem.

então olha, caminha adiante,
não te deixes consumir
pelo fogo que te assola.
veja o sol que tanto te ama
e a ti entrega o que tem
de mais lindo e precioso,
em forma de um brilhante
tão caro, valoroso:
um coração de luzes e cores
que ama sem nada em troca pedir,
só para ver-te sorrir,
a dançar com as palavras,
vivendo em ti a poesia
e para saber-te feliz.