Ouço o barulho da noite adormecendo a lua em seu leito. E o lento caminhar do tempo pela escuridão do universo.

Pirilampos cruzam o espaço, fazendo a dança das estrelas e da descoberta dos caminhos da vida. Ao longe o som da voz de um anjinho ensaiando algumas notas de uma melodia. E perto, bem perto, o retumbar barulhento do meu coração.

Hoje ele faz um barulho ensurdecedor, porque lembra com saudades do som grave de tua voz de tanto tempo atrás, dois séculos de tempo, me dizendo no dia de teu natal:

- Se você quiser... Eu disse: - Eu quero.

E teu coração ouviu o meu. E falou. Falou sim. Falou ao meu espírito saudoso do som de tua alma. Falou das coisas só tuas, das coisas minhas. Das coisas nossas, de amor, de desejo, de quando somos, de quem. Do que fazemos um ao outro... falou, falou demais... falou muito.

Até... até que o medo tomou conta de tua alma mais uma vez. Então você se calou.  E agora meu coração chora o teu silêncio. Ah! Se ele pudesse hoje falar mais uma vez e ser ouvido por ti.

- Eu quero. Quero sim. Quero muito - ele gritaria -.

E, no entanto, estou aqui, quieta, calada, olhando o lindo sonho, onde o caminhante segue solitário sua estrada que vai para algum lugar. Vi nele os 7 deveres. Tão difíceis de cumprir. Não porque não queira, mas porque uma parte do que cabe à Maria fazer... não depende unicamente dela.

Hoje também reli as 7 cartas desse tempo... que foi tão bruscamente interrompido. Um tempo que não volta mais...

Fecho os olhos e ouço você falar. Viajo em tua voz. Navego em teus sentimentos. Sinto a grande luta de um homem em busca da espiritualidade. E... não me privo de chorar. Como as lembranças e as saudades de um tempo que se foi fazem doer o coração.

Olho teu nome ao lado do meu. A sinaleira da estrada que nos conduz escureceu e nunca mais as suas cores eu vi acender...

E todos os dias, desde a última vez, há tanto tempo atrás, eu venho aqui. Aqui neste mundo só meu e teu. É o nosso lugar de amar. É o nosso lugar de entregar amor um ao outro.

Te olho silencioso, calado. Vejo teu nome tocando-me, enroscando-se, enrolando-se em meu corpo, caminhando para mim a me dizer:

- Espera maria... me espera ! Quando eu perder o medo, quando conseguir entender que minha alma está entrelaçada com a tua...

E então no céu, um arco-íris de poesia dançará a melodia do nosso amor...

Suave cântico de amor... enluarado de ternura...