Olhar de Tormenta
É meu tempo que passou lento
como um pássaro adestrado
sem festa de nenhum lado
- como se não fosse tempo -
a alma se enfurna enciumada
pro escuro da noite adentro
enclausurando-se ao vento
que chia na madrugada
É a saudade que grita
como uma ave abatida
um boi ferido na lida
pela adaga certeira
derramando a sangueira
pelo corpo que falece
enquanto o sol se esquece
da flor que fez prisioneira
O coração troveja tormenta
daquelas que vem de dentro
o peito é um triste lamento
o olhar... dor apresenta...
como pobres vestimentas
cobrindo sem fundamento
a alma que em sofrimento
se afunda em nuvens cinzentas
É triste sentir que o destino
não é mais feito prá ti
como se fosse um guri
fugindo da tempestade
se esconde com vontade
de teu caminho e estrada
deixando a alma encravada
nessa triste e crua verdade:
É longe o sonho de luz
anseios que a alma tem
no mundo não há vintém
que te dê o que não é teu
- vá, se embrenhe no breu
pois que não vais conseguir
tua alma não vai mais sorrir
nem dizer: Teu coração é meu !
Maria
Enviado por Maria em 15/08/2010
Alterado em 15/08/2010