Não ouço o eco de minha voz. Nem o silêncio me fala o que desejo ouvir. Talvez ele me ensina ou esteja me dizendo que devo sim me calar. Pois se nada posso ouvir... nem aqui, nem de lá. Nem votos de um feliz natal eu pude receber. Nada de desejos de um bom início de ano. Todos podem a voz do sol ouvir. Todos recebem uma réstia de sua luz. Mas quando Maria chega... sempre é tarde mais. Tudo fica oculto. Até os mais simples desejos. Os pensamentos, os sonhos, as vozes. Tudo oculto, escondido atrás de um mundo cinza... Deixa prá lá. Esquece. Esqueço.  Pois não é um lamento, senão devia chorar. E choro. Mas é que é... uma constatação que me rodeia. E já faz tempo. Mas olha. Escuta. E escuto. Meu mundo não é medido pelas horas do tempo. Não conto os dias como os demais. Não há magia neste tempo do tempo, neste passar do calendário. Se nem sei que dia é hoje? Para mim, a magia está em acordar agora. E poder olhar meus próprios olhos no espelho. Contemplar os fios de cabelos brancos e dizer: - Em tua vida Maria, todo dia é natal. Todo dia é o início de uma nova vida, de um novo tempo. Todo minuto é tempo de comemorar... a vida !