nosso mundo,
esse mundo mudo,
esse mundo cinza,
morreu.

o nosso mundo...
ele morreu.
na véspera de natal,
ele morreu.

quando fui
entrar nele
estava morto.
girei a chave
na porta
e não abriu.

me contaram
que ele morreu
porque suas vozes
- todas elas -
eram rejeitadas.

faziam parte
da laia
dos ecos devolvidos
de uma voz não
desejada.

voz de um mundo,
dito de,
já sem desejos.

do lado de fora
do mundo cinza
uma placa dizia:

"lamentamos muito,
esse mundo foi
desativado.
ninguém mais pode entrar.
prá sempre acabou".

e foi assim,
bem assim
que o mundo cinza
morreu...
prá sempre.

deixando em seu lugar
lampejos, labaredas,
fogos de dor.

levando com ele,
deixado por ti,
e agora...
prometido de mim,
uma última promessa:

"volto à escrever".