Quando Penso, Penso Assim: (VIII)
... quando a alma se abre, um arco-íris nasce no céu...
Ouro Puro
Não acredito haver parâmetros para se medir o valor de uma pessoa. Mas sei de mim. Que nunca me dei valor. Nem nunca me achei capaz de saber escrever, sequer uma poesia. Não acreditei quando me disseram. E lutei desesperadamente contra. Mas não conseguia me desprender. Até que um dia... me vi. Sim, me vi em cada uma delas. Vi que a pessoa que estava ali era alguém. E acreditei que tinha algum valor. Vi que minha poesia referendava minha vida. Vi o que o sol já via em mim, que eu era igual a ele, que eu podia um dia ser. Pois no interior de minhas terras, de minhas montanhas, também tinha riqueza. Eu só precisava ainda aprender a cavar e depurar. Talvez ainda esteja aprendendo. Ou ainda precise aprender que também sou, igual ao sol, feita de ouro puro.
Prova de Amor
A maior prova de amor de um homem por uma mulher, está: No respeito, carinho e ternura com que ele a reveste em espírito; No ensino de vida que silenciosamente ele lhe dá; No cuidado para que ela não se perca nos caminhos que ainda tem para trilhar.
Olhar
Às vezes a gente se encontra assim: Tão prá baixo, tão triste, que sente até vontade de morrer. Então os olhos molhados contemplam a vida, a natureza e o doce, meigo e sereno olhar do Sol... O espírito se reveste de vida, as forças voltam e no interior da alma, no profundo do coração, a luz brilha outra vez, em meio à escuridão.
Infinito
Nós não somos menores do que os nossos sonhos. E quando sonhamos com o infinito, somos ele também. E o infinito... tem princípio. Mas não tem fim. Tudo continua. A vida, os sonhos, a lágrima que rola, a dor que corta a carne, o sofrimento, a procura, a alegria de só viver, a paz interior, a felicidade de ser. Tudo, tudo continua porque a vida não é um dom pessoal, mas um dom de Deus e a morte, o fim para os que não acreditam, é um caminho decisório só para os que vivos estão.
Rosas
Já reparou nas floriculturas? Nunca dizem prá uma flor, para uma rosa, para onde querem levá-la. Simplesmente a olham, apaixonam-se e depois só desejam cortá-la e levá-la embora consigo. Eu pergunto: - Se isso não for possível... ela perde o seu valor??? Deve ser esquecida e jogada num canto para sozinha definhar e morrer? Afinal para que serve uma rosa???
O Rio e a Flor
Sim, uma flor tem espinhos. Era impossível não lembrar sempre disso. Uma flor tem espinhos - todos bem visíveis. Uma flor tem folhas - algumas murchas, outras morrendo, mas sempre tem também algumas nascendo. Uma flor tem pétalas - que se desfolham ao menor toque áspero, à dor dos ventos fortes -. Uma flor tem galhos - que são muitas vezes arrancados, pisados, quebrados. mas que sustentam a flor. dobram-se às tempestades mas sempre se erguem altivos outra vez. Uma flor tem raízes. profundas. Escondidas. Enroladas em pedras, e plantadas nas pedras da montanha do jardim dos encantados. Uma flor tem tudo isso. Tem até o perfume que tanto pode ser inebriante, refrescante, apaixonante, como pode ser enjoativo, sem sabor. A flor tem tudo e não tem nada. E é uma flor. Nunca deixa de ser flor. Flor fixa, plantada em algum lugar. Mas um rio não é diferente. Um rio não tem espinhos, mas tem corredeiras perigosas, tem abismos escondidos sob suas águas, carrega dentro dele vidas que ninguém conhece, ninguém sabe. Ninguém nunca viu e ninguém nunca ouviu falar. Um rio tem penhascos em suas margens. Tem galhos em suas águas. Carrega riquezas em seus barcos. Tráz tecidos finos em suas barcaças. Leva a alma do homem em suas canoas. Banha a mulher de amor com suas águas. Dorme a criança com seu marulhar. Mas é um rio. Que tem um caminho. Como ele mesmo diz: - O rio sempre vai para algum lugar. Segue sempre para o mar. E lá se mistura nele, o mar. No mar que só recebe flores mortas. Que os que acreditam, jogam por acreditar...
Se o rio tentar arrancar a flor da pedra onde ela está plantada para levá-la junto com ele ao mar.... Carregará em suas águas uma flor que já morreu, pois suas raízes não podem, de jeito nenhum, serem tiradas do coração onde se plantaram porque a alma da flor está lá, entrelaçada a esse coração. Assim é a vida. O sol sabe: A flor pertence à terra onde está plantada. E lá, só lá, ela poderá sobreviver. Com suas flores, com seus espinhos de dor, com suas falhas, com seu perfume, quem sabe sem frescor. E quem determinou isso? O amor. O mesmo amor que o rio sente. A força de um amor imensurável que só entende os que amam. A flor sabe que isso um rio consegue entender. A flor não é e nem pode ser o que um rio sonha, o que um rio quer, o que um rio deseja e precisa. E o rio precisa saber perdoar os espinhos que lhe feriram. Eles não tem olhos para ver onde e quem estão ferindo. Precisa saber perdoar e procurar compreender que os espinhos de uma rosa conseguem ferir só os que estão mais perto dela, Podem até admirá-la, amá-la, mas nunca podem esquecer que ela já está plantada num jardim. Já tem dono: A terra onde está plantada e o sol que a faz viver. E é preciso lembrar sempre que esta flor não é uma flor nascida para rolar de mão em mão. Não. Essa flor não é uma flor de vários donos. Para ser passada de um para o outro de acordo com as ondas do tempo e do vento da vida. É uma rosa rara. Nascida pelas mãos de um Deus que já a amou quando ela ainda nem sabia. E ela pertence ao seu criador. Ela é uma rosa nascida para encantar com amor a terra onde está plantada. Para encantar com seu perfume de amor o espírito do sol. Um rio precisa saber perdoar os espinhos que lhe feriram a alma e aceitar o perfume que uma flor pode lhe dar.
Maria
Enviado por Maria em 13/09/2010
Alterado em 03/10/2010