Feri-me tantas vezes por não ter escutado você. Deixei-me machucar, humilhar, só por não ter dado ouvidos à você. Estraçalharam o meu coração com injustiças, feriram de morte a minha alma com mentiras. E foram tantas e tantas vezes que perdi a conta. E pior. Deixei-me transformar pelas injustiças. Deixei-me endurecer. Perdi a ternura. De certa forma me isolei, me trancafiei em uma concha de silêncio e afastamento de mim mesma. Por não saber viver com equilíbrio e paz dentro das minhas descobertas. Tudo era novo. Tudo era diferente. E eu não soube me achar. Nem sabia o que era poesia. Nem sabia dividir, separar os mundos que se desfraldaram diante de mim. E, sempre acreditei no que me diziam. Sempre. E cada dia me diziam uma coisa diferente. Todos os dias as mensagens chegavam e me baratinavam, me confundiam. Eu, sozinha, sem tua voz, sem teu braço forte... vacilei. Cambaleei como um ébrio. Tropecei como um desconectado. Hoje... bem hoje, tudo é diferente. Mudei tudo. Comecei a fazer como você. Não dei mais eco às vozes que chegam aos meus ouvidos. Claro que é difícil. Tu sabes. Eu não "resisto". Troquei todas as chaves das minhas casas. Usei a tua para trancar algumas portas. derrubei algumas casas que só me tiravam o tempo e me traziam transtornos para a paz e a tranquilidade de minha alma. E... foi bom. Ah! Se tivesse escutado você antes. Teria evitado tanta dor e sofrimento. Para mim e para os que foram tocados por minhas palavras. Mas... ontem... hoje... até este momento em que os meus olhos viram uma luz surgir na escuridão... me sentia sozinha. Bem sozinha. Completamente só. Assim como era... antes de adentrar o seu jardim. Tudo isso porque eu não soube escutar você. Tudo isso porque eu nunca soube, em momento algum escutar você. Só sabia falar. E queria ser ouvida. Mas não sabia ouvir com o coração. Hoje... eu choro. Choro de saudade de ti e carrego em minhas mãos o meu coração... para que seja sempre ele e o amor que nele explode, que teus olhos vejam antes de verem a mim.

17 de fevereiro de 2007.