Maria
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Textos
Esse Tipo de Mulher
Não poderia dizer que não me magoaste. Não, não poderia dizer. Porque tuas palavras - infelizes, torpes -, feriram minha alma, machucaram meu coração.

Não, não me conheces para me julgares desta maneira. E não sabes nada de minha vida. Nada!

Não lhe devo explicações, mas preciso lhe dizer que não sou esse tipo de mulher que estás pensando. Definitivamente não sou.

Por isso, exijo todo o respeito a que tenho direito. Exijo que me respeite como mulher digna. Que atente em meu proceder consigo, na reverência com que sempre me dirigi a sua pessoa, em meus comentários aos seus textos e nas respostas aos seus e-mails pessoais.

Não retiro nem uma vírgula de tudo que lhe disse hoje, nenhuma sequer. Pois que todas elas, frisam, o que lhe disse em letras garrafais: ESTÁS ENGANADO COMIGO! Não sou o tipo de mulher com que estás acostumado a lidar, por aí, nos sites de relacionamento ou sei lá mais aonde.

Não é porque sou poetisa e escrevo muitas poesias de amor, algumas embrulhadas em sensualidade, outras apaixonadas, que seja uma mulher à cata de "divertir-se na internet nas horas de folga" com quem quer que seja.

Não lhe dou o direito de pensar isso. Nunca. Quanto mais de me afrontar com essas palavras.

Não sabes como me feriram. Não sabes. Senti-me ultrajada, soqueada, retalhada no mais profundo do meu coração.

Se estás acostumado a "se divertir" com suas "amigas", isso não lhe dá o direito de pensar que eu seja igual.

Disseste, irônicamente, que as mulheres com quem falas, que são suas amigas, são as mesmas minhas. Mais uma vez quero lhe dizer: A sua definição de amigo deve ser bem diferente da minha.

Para mim, um amigo é muito mais do que um colega casual - um poeta ou poetisa -, companheiro de site.

Para mim um amigo é alguém com quem mantenho um relacionamento honesto, sincero, bonito, lindo e marcado pelo companherismo e o respeito. E entre os meus amigos, os que disseste serem teus e meus, desses, podes crer, os meus, não enchem nem a metade da palma de uma de minhas mãos.

Porque, mesmo essas mulheres que dizes minhas amigas, para mim, são apenas colegas de poesia. Poetisas que eu leio e mais nada. Não faço comentários (uma vez já fazia), não escrevo e-mails, nada. Se um texto me toca, escrevo outro, que fala com esse, e publico. E nosso relacionamento não passa mais disso. Porque aprendi com a decepção e o sofrimento a me calar.

E ainda perguntas que mal há nisso? Que mal há em uma mulher ficar "se divertindo" pela internet com um homem que nunca viu, não sabe quem é e nem se seu nome é verdadeiro?

Meu Deus! A que ponto chegamos! Onde está o amor? Onde o respeito e a sinceridade de vida?

Posso ser a maior das pecadoras, por acreditar no amor, na bondade, na sinceridade da amizade. Posso errar por acreditar no amor, amar e fazer poesia desse amor, mas não sou mulher de vários homens e nem de ficar "divertindo-se nas horas de folga pela internet" a Deus dará.

O poetar, que chamas de passatempo, eu, Maria, chamo de trabalho. Labuto prá escrever um texto. Sofro apiedada, choro, rio, me encharco de alegria e encantamento ou, fico tomada de suor, porque garimpo, cavoco fundo em mim, para tirar, uma, duas palavras que expressem o meu sentir.

Isso não é um passatempo. É o meu ofício. Que foi-me dado por quem entende como ninguém desse mundo que cada dia me decepciona mais, justamente por não ter dado ouvidos aos conselhos iniciais.

O respeito que tenho por sua pessoa, sua idade, sua história, é que falam ao meu coração perdoar sua infelicidade, seu pisar em falso para comigo.

Já lhe disse tudo o que tinha a lhe dizer. Não lhe enviarei mais esta carta que guardarei como um alerta, como um aviso a mim mesma, para não me deixar abandonar em minhas últimas decisões tomadas: De hoje, embora tarde, embora já tantas e tantas vezes ferida, decepcionada, levar à sério os conselhos que recebi ao inciar no mundo das letras.
Maria
Enviado por Maria em 02/10/2010
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