Monologando VI
Sentir
“O teu sentir só você pode traduzir”. O meu sentir não posso traduzir pois não nasci falando palavras nem tecendo rimas em meu interior. Mas a poesia já tinha nascido em mim e emaranhado meu coração nos braços feitos do sol, nos laços do amor.
Espinhos
Encontrarei em mim - e sei onde estão - os "espinhos" que te feriram a alma. E arrancarei, um à um, para que nunca mais causem mal a ninguém. Os mesmos espinhos que feriram a luz do sol, que fizeram o sangue jorrar em meu próprio coração. Eu os acharei, lá onde estão, escondidos, bem escondidos dentro de mim. Pois os encontrarei, arrancarei e jogarei cada um deles na fornalha da morte do esquecimento.
Realidade
Estou exausta. Extenuada. Cansada de tudo. De tudo. De tudo. Já não tenho mais ninguém. O sol se foi prá sempre. Prá sempre. O rio não aceita o perfume que a flor pode lhe dar. Estou só. Essa é a minha realidade. E sozinha... Não saio daqui. Sozinha não falo mais. Nunca. Nunca mais. Sozinha eu não vou mais para lugar nenhum.
Silêncio
Um silêncio me acolhe. Sempre me acolheu. A alma está fria. Quieta e nem se mexe. Acho que morreu. Eu a sinto inerte. Vazia de mim. Sussurra meu ser, mas só fala prá dentro de mim. Só eu consigo ouvir. Que é feito de mim que de ti você me perdeu? Não devia ter calado sua voz. Agora o silêncio me tonteia a alma. Porque nunca mais me encontrei nessa mudez. Agora... sou espírito e só. Espírito que fere somente em falar. Espinho de dor. Sou eu. Sim. Sim. Sou eu! Machuquei um amigo e ele se afastou. Não aceitou mais o perfume da minha amizade. E quantas vezes não machuquei a mim? Machuquei a mim, porque feri de morte o meu amor que há muito tempo, muito, muito tempo, para mim se calou. Que é feito da ternura que guardava a minha e tua voz? Morreu com a saudade que nasceu.
Sussurros
Só consigo balbuciar algumas palavras. E nem sei se alguém as escuta, porque são sussurros apenas. Sussurros de minha alma que não conseguem chegar para fora de mim, e já morrem no caminho. É o medo que me assola.
Medo
O medo de ter tudo e não ter mais em meu céu a estrela mais linda, mais querida e amada. De olhos doces e meigos e lábios de desejo, de mil beijos, que escolhi para beijar, e amar.
Maria
Enviado por Maria em 04/10/2010
Alterado em 04/10/2010