Esgoto
Deitei em meu próprio colo e me deixei ficar ali, quietinha, sentindo as lágrimas escorrerem como as águas das cataratas de um rio. E ali, no silêncio de meus soluços, minha alma quis falar, gritar. Ouvi o seu grito e o sufoquei. Por horas o sufoquei. Tentei me expressar com as flores. Tentei. Mas olhava e olhava e tudo me parecia pouco prá dizer da intensidade de sentimentos que turbilham aqui dentro. E então... tudo explodiu... E agora? Não sei. O que fazer com tanta lava? Deixar queimar o corpo? Deixar queimar o mundo? Deixar fechar o céu? As portas e janelas? Não. Não quero fechar mais nenhum janela. Não quero bater portas e nem esconder a memória. Por que? Prá ser igual a todos que só sabem dizer: - Oi? Tudo bem? Eu vou bem e você?, e nunca conseguem abrir uma janela prá gente ver se lá dentro de fato tem luz? Não. Não quero ser assim. Prefiro gritar e deixar derramar o esgoto que borbulha aqui dentro, a esconder-me dentro de mim outra vez...
Maria
Enviado por Maria em 11/10/2010