Pareço mais uma ave
em fim de vôo.
Duas guerras
se fazem dentro de mim.

Uma quer me atirar no poço
da sonolência dos sonhos
e a outra quer tirar-me de lá.
Isso, se já lá estiver.

Queria ouvir uma voz,
uma vozinha só
que pudesse dar-me alento
nesta hora
e animar-me a continuar.

Estou tentando
desesperadamente,
mas não consigo.

Nem sonhar com a natureza,
misturar-me a ela não surtiu efeito.

Talvez seja o cansaço
do dia que me dói o corpo
e me atinge a alma.

Tenho sido três
em algumas horas do dia.
E todas elas lutam
bravamente para vencer
a labuta.

Às vezes não sei onde
buscar forças
e penso sucumbir
ao primeiro tiro.

Mas aí, a ave morre!