Vida Anestesiada
cheguei ao fim.
pedaços de mim já caíram.
estou podre.
por dentro e por fora.
cirrose e feridas no corpo
são minhas medalhas
pisotearam meu espírito
e me arrancaram
a dignidade.
humilhei-me,
implorei para me
deixarem mais uma
vez tentar viver.
acumulei tapas
na cara e cuspes
de desprezo.
cresceram chagas
em mim.
é o fim !
embora seja,
não fui a culpada.
a vida, essa vida cega,
foi quem me entregou
o veneno que me matou.
de trago em trago,
sorvo o anestésico prá dor.
Maria
Enviado por Maria em 19/10/2010