Estou entregue
Já corri tantas vezes
que o cansaço quase
abateu para sempre
meu espírito que sempre
julguei imbatível.
Já entreguei-me
tantas vezes
que até perdi a conta.
Já sucumbi completamente
à luz do sol e deixei-me levar
pelas águas que brotam
de sua luminosidade
que já nem sei mais quem sou.
Se sou eu, ou sou ele.
Já joguei-me surda e cega
em profundos abismos
da escuridão da vaga floresta,
perdendo-me completamente
em seus misteriosos
e desconhecidos caminhos.
Já agarrei-me nas asas
do vento norte com força colossal,
para com ele navegar
em todos os quatro cantos do mundo
e sempre ele conseguiu
desvencilhar-se de minhas mãos.
Subi montanhas,
sujei-me na terra,
rolei na areia da praia,
banhei-me nas águas
cálidas do riacho.
E no entanto,
continuo aqui,
neste cantinho,
meu cantinho,
gritando minha alma
e desnudando meu espírito
às vozes caladas
do universo de luzes.
Maria
Enviado por Maria em 06/10/2006
Alterado em 06/10/2006