Maria
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Monologando VII
Impressões

Por que tenho a impressão de que voltei há um tempo dolorido do passado? Por que sinto essa roda viva do tempo me fazendo as mesmas cruzes, as mesmas dores, as mesmas luzes e as mesmas cores ? Castigo de pecados que não cometi ? Eu quero acordar. Quero acordar e que venham anjos e me digam: É tudo impressão. Não é real. Essa dor que sentes, essa dor... é uma tonta ilusão !

Sem Direitos

Nunca recebi nem uma explicação. Nem mesmo um pedido de perdão por não me darem a oportunidade de escolher. "Foste descoberta, e aceitou". "Foste inoportuna, e me empurrou". "Foste excessiva, e me condenou". "Foste pecado, e me expurgou". Por tantas e tantas vezes tudo foi decidido e feito sem nunca me perguntarem o que é que eu queria. Ninguém se importa com o que sinto, com o que sonho, com o que quero. Meus sentimentos, o que sou, são tão insignificantes assim ? O que move esse universo tão grande e tão importante ao redor de mim ? O que faz com que eu nunca possa decidir que estrada quero trilhar e que caminhos desejo caminhar ? Por que minha vida sempre tem de ser decidida por quem só foge dela ? Por acaso sou muito criança para decidir por mim ? Por acaso não tenho condições de escolher ? Não me dão opção ! Nunca me deram ! Sempre fui empurrada para fazer o que achavam que era melhor prá mim. Obrigada a aceitar o destino que me impunham. Esperneio, grito, xingo. Me disseram que se quisesse era assim que deveria ser. De que adianta ? De que adiantou ? Quando fui sincera, humana, intensamente humana, o que me sobrou ? Nada. Foi isso que me sobrou. Solidão e escuridão. Não vejo mais ninguém. Clamei. Implorei por ajuda. Acha que uma alma moveu o coração ? Não ! No mais escuro de minha noite estive sozinha. Sozinha com ninguém. Que querem que eu pense que acham de mim ? Que ache que ainda tenho algum valor ? Sinto raiva. Raiva até de mim. Do meu jeito de ser. Porque levanto bandeiras, luto por todos, por cada um, mas quando se trata de mim... só sei perder.

Estrondo

Quero amarrar minha boca, lacrar os lábios, amordaçar o coração. Passo horas do dia fugindo pelos cantos escuros prá não deixar revelar o que vai na alma. Tomei decisões de fechar a voz, de calar os sentimentos. E na quietude tudo vai por água abaixo. Ouço o estrondo das águas descendo em enxurrada. Ouço as comportas se abrindo e a força das lágrimas despedaçando-se no chão. Quebram-se como pingentes de cristal e formam lagos que logo se juntam aos rios e aos ventos do temporal. E minhas decisões se esfarelam. Meu espírito grita, se agita, se revolve... e não consigo mais. Meu Deus! Que sina me deu o sol. Por que, por que Meu Deus, exponho minhas mazelas? Por que me deixo saber fraca, pequena e frágil? Por que só eu? Por que?

Esquecimento

Me deixem quieta. Não falem comigo. Sumam. Desapareçam daqui! Preciso do silêncio para me encontrar. Perdi o equilíbrio. Enlouqueci. Meu Deus? Onde fui parar? Me procuro, não acho. Se acho, me perco. Se me perco, morro sete vezes e sete vezes tenho de ressurgir. Não estou mais em mim? Nem me sinto. Ser esquisito. Sou eu, calada em dor. Me deixem quieta. Não me toquem. Quero me encolher neste buraco negro até que ele sugue cada uma das partes de meu corpo e me estrangule a alma, me enforque os sentidos e me esqueça ali, pobre, enrolada nas palhas da morte e do... Fim.

Gana

Tenho ganas de correr, correr sem parar. Até o corpo desfalecer e não conseguir mais se levantar. Tenho gana de coisas que não ouso nem contar. Só em pensando, às grades da loucura, já estão a me condenar.

Maria
Enviado por Maria em 08/11/2010
Alterado em 08/11/2010
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