Duas Vezes
Diz a lenda, que num reino
tão, tão distante,
morava um poderoso Rei encastelado,
que um dia decretou irado:
- No meu reino Ninguém mais morre !
No meu reino Ninguém morre duas vezes !
E desde aquele dia...
Ninguém Nunca Mais,
duas vezes morreu...
E o Rei do reino do Novo Mundo,
fechou as portas do Monte Castelo.
E por entre as Pedras
do seu poderoso Forte
o Monarca se escondeu;
Daquele espaço,
espiando o mundo detrás
da Primeira Folha
de árvores nebuladas;
Os olhos vermelhos,
ardidos de ira;
O Rei Irado,
de Ninguém se escondeu...
Sim, porque é impossível viver,
Sem que alguém possa perceber...
Que o Rei de dor sofreu,
Por não saber e poder amar Ninguém...
Que só por esse amor vivia...
Até desse amor fez música, poesia...
Mas... não foi o suficiente!
O rei não era Ninguém...
Não era plebeu...
Era um Rei, um ser superior...
Não deixava de ser Rei, Senhor...
Preferiu fugir de repente
Se esconder de todos,
De Ninguém, de toda Gente...
E sabe o que mais???
Decidiu o destino de Ninguém,
Sem nem perguntar, nada falar,
Ser justo, ou mesmo clemente.
Colocou chaves em seu Castelo
Fez erguer névoa sobre de Ninguém o anelo
Abdicou de ser amado...
Acho mesmo, que Ninguém...
nunca foi o seu Eterno Amor...
Foi sempre um plebeu comum,
Gente do povo,
que faz um Rei ser Rei,
Ser de todos Senhor...
Ninguém nunca foi Nada Mais,
nem mesmo Alguém...
Sempre foi Algum...
Foi sempre Ninguém!
Dos súditos... sempre foi...
Um nada, Nenhum!
E diz a lenda, que desde aquele dia,
O decreto do Rei valeu:
- Em meu reino Ninguém mais morre!
Em meu reino Ninguém morre duas vezes!
E foi assim minha gente, foi assim:
Ninguém, mais duas vezes... morreu !
Acho mesmo que agora...
Ninguém morreu prá sempre !
Assim... Assim de repente !
E hoje... passados três milênios,
Descobri em antigos compêndios:
Que Ninguém mais duas vezes morreu.
E nunca, nunca mais, Ninguém
lá naquele reino viveu...
Foi morto por dor... que dor...
Dor de Morte ou seria Dor de Amor?
E agora sei, bem sei...
Ah! Como sei !!!
Que Ninguém, no reino
do Rei Irado, foi morto...
E sei mais, bem mais:
- Que esse Ninguém...
Que o rei matou e de quem se escondeu,
Por algum motivo que não sei!
Eu sei, bem sei,
que esse Ninguém sou Eu...
Maria
Enviado por Maria em 16/11/2010