Maria
Prosa e Poesia
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Sonhos de Amanhã
Nunca me deixei perder ou dispersar por entre as esquinas dos caminhos por onde andei. Não me perdi na noite, nem permiti que alguém profanasse as terras que, verdade seja dita, não são mais minhas, mas que entreguei a ti, em amor.
Foi sempre a curiosidade, o deslumbramento do brilho das estrelas que me levou a percorrer ruas e ruas deste imenso jardim de cor do trigo maduro. Retribuía os sorrisos por gentileza e sorria de verdade ao ver uma linda flor brotar no jardim de alguém. Queria ser querida, agradar todo mundo, deixar todo mundo feliz e por isso fazia questão de deixar um dengo, um carinho, um bilhetinho, que incentivasse aquela ou aquele jardineiro a continuar a plantar suas sementes.
Hoje isso não acontece mais. As decepções, as tristezas, as ofensas e dores que me causei por ser assim tão querida e gentil mudaram meu jeito de ser. Não saio mais à rua para cheirar flores em jardins que não sejam os nossos. Olho tudo de longe, em pensamentos torço para que seus jardins floresçam, tenham sucesso e volto prá casa.
Tu sabes e por isso não posso negar que ia de rua em rua deixar um rastro, uma pegada de Maria em todos os jardins por onde passava. Feito isso voltava prá casa. Assim como dela tinha saído. Sempre tua e feliz por ser assim.
Era sempre no teu jardim que eu me perdia, que brincava de ser menina e anjo, que colhia flores me sentindo uma verdadeira mulher, amada e adorada em cada pétala de flor que a terra fazia germinar.
Todos os dias, como ainda o é hoje, ia lá, sentava num cantinho e como uma criança feliz contemplava todas as flores que ali estavam. Ouvia as velhas músicas que tocam na vitrola e com paciência me ajeitava à espera de que naquele dia um botão se abrisse, de que naquele dia, uma nova música tocasse.
Sentia-me como rainha, sentia-me dona e senhora absoluta de cada pedacinho que ali existia.
Não, nunca fui embora, nunca deixei meu lar, nunca abandonei o meu jardim. Mesmo quando, por tantas vezes, virou pedra e pó, continuava a ir lá, soprar o bálsamo do amor e regar com minhas lágrimas a terra, sempre na esperança de que um dia brotasse uma semente e se ouvisse nos ares, nas cores do sol, na vida da terra, uma nova canção, uma nova melodia de vida. É o meu dia-a-dia. Faça chuva, faça sol, sopre os ventos, desçam as tempestades...
Porque um amor, não morre no espaço do tempo que o SILÊNCIO fala. Mas, sobrevive e renasce, assim como as sementes de uma flor, que hoje parece morrer, mas amanhã joga seus brotos para fora da terra escura e lança seus ramos, suas folhas, seus botões de luzes que de novo se abrem no presente do jardim da vida, no jardim da esperança de sempre ter um amanhã...
Maria
Enviado por Maria em 09/12/2010
Alterado em 09/12/2010
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