Grisálida
Tem tempos, como agora, que não sei nem por onde andei. Sei que cruzei estradas e mais estradas e em cada uma delas o silêncio segurava a minha mão, enquanto meus olhos se perdiam no horizonte. Não sei mais falar. Esqueci como se faz para dizer. Subo escadas, desço escadas e tanto, tanto eu preciso gritar, mas... não sei mais como fazê-lo. Um nó bem dolorido aperta a garganta. Um nó que dói até na alma. Sabia que quando me aquieto faço longas viagens para dentro de mim? Sim! No entanto me perco. Escondida atrás de mim mesma. Espio o mundo. Não quero mais falar. Fecho o espelho do espírito enquanto de meus lábios saem apenas fios, finíssimos, invisíveis, mas fortes, que vão aos poucos me enrolando, me amarrando ao que eu era antes de ser. Guardo as asas! E triste, uma grisálida paira - no espaço vazio, guardada pelo silêncio !
Maria
Enviado por Maria em 19/01/2011