Aconselhando a Própria Alma
Minha própria alma nem sempre ouve o que eu digo. E muitas vezes eu grito até, e meu grito se perde no oco do oco do eco da voz. Se ele mesmo existe.
Não posso medir sua dor e nem vislumbrar a soma da sua tristeza. Porque é você que a sente.
Eu só posso mesmo falar do que eu sinto. E por isso não precisa ter medo. Não vou lhe falar nada. Não vou lhe dizer nada. Mas posso ouvir.
Se para você desabafar é bom, então faça. Se pelo menos para ser um poço sem fundo para os desabafos dos corações aflitos e das vidas desanimadas maria servir, já cumpriu metade da sua missão... A outra metade é carregar as asas podadas de sua própria vida.
É um choque quando percebemos que nossa felicidade depende também de como o outro está não é mesmo? Se a cara metade está doente, silenciosa, triste, sentido-se um lixo, nossa tendência é nos jogar nesse poço de desânimo e afundar junto.
Não esqueci que num passado não tão distante em milênios, você pegou a minha mão numa noite escura onde minha alma estava dilacerada pela dor e tristeza e me levou lá fora para olhar o céu e ver que mesmo que a noite caminha sem a luz do sol, as estrelas estão todas em seu lugar, e, que um outro dia nasce e com ele a luz do sol vem nos banhar de calor e alento.
E hoje é você que precisa de mim. De minha mão estendida a lhe dizer:
- Vem! Pega minha mão e te ajudarei a caminhar este trecho escuro de tua vida até que possas ver o sol brilhar outra vez.
Não saberia mesmo o que mais falar. Por isso não precisas implorar o meu silêncio. Nem é minha voz que fala agora. Estou quieta, calada. O que ouves são murmúrios de um espírito que já foi moído pelos absurdos da vida, que nasceu brigando para viver e até hoje vive brigando para só aprender a aprender a viver.
A vida não é a procura da razão para viver. Ela é a própria razão de nossa existência. Existência concebida no amor imensurável de um Criador que nos formou no íntimo de nossa mãe.
Por isso, seu desejo de se fazer morrer é apenas o medo que tens de ter encontrado essa razão, percebido essa razão e agora, que a encontraste, não saberes bem como viver nela, como te locomoveres por entre os imensos obstáculos e imensas montanhas de empecilhos que precisamos enfrentar para sermos fortes e gigantes a cantar as belezas do espírito. A existência é filosofal. E desse cadinho da vida não temos como fugir...
Um dia vamos acabar sim. Essa é a única certeza da vida que nos acompanha desde o primeiro grito na terra. Mas não cabe a nós apressar esse fim. Importa-nos viver. Isso sim. Porque apesar de tudo, com toda dor, com todo sofrimento a vida vale a pena ser vivida. Somos alguém. Você é alguém. Existe. Logo, tua existência foi desejada, acalentada, amada.
As coisas da vida que nos dão prazer e alegria são importantes sim. Precisamos delas para a completude da vida, mas existem tempos dentro dela em que somos privados dessas coisas. Não precisamos nos martirizar e nos matar por causa disso. As coisas do mundo não são a essência do viver. As coisas do espírito, essas sim, são a essência que devemos viver, plantar e cultivar.
Veja: Sentir-se um vegetal vivo já é alguma coisa. Um vegetal vivo é útil ao universo das estrelas. Um vegetal vivo dá sombra, serve de alimento, tem sabor e vida.
E não é isso que desejamos ser? Alento e esperança para os que amamos?
Então? Erga a sua cabeça, deixe a serenidade adentrar seu coração, olha o mundo ao teu redor, a vida brilha, o sol brilha, as flores encantam a tua alma.
E mesmo na dor e tristeza você é você. É alguém. É importante. Existe por um motivo bem especial.
Doar tua vida para que as estrelas possam brilhar no céu deste universo tão maravilhoso...
Doar a tua vida para que tantos e tantos possam saber que as coisas do espírito, essas sim, os valores fundamentais da vida, esses sim, é que são essenciais para o viver a vida neste mundo cinza e azul de tanta cor...
Maria
Enviado por Maria em 21/01/2011