Maria
Prosa e Poesia
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Voltar Prá Ele
Se alguém me ouvisse, saberia que tenho razão em desejar o escuro da concha, o interior profundo da alma, o calabouço em que vivi por tantos e tantos milênios. O mundo ao meu redor se fechou para mim. De todos os lados, todas as direções o que me chega são barulhos de chaves e cadeados. Minhas vizinhas colocaram chaves em suas casas e seus portões. Antes, podia chegar no pátio de seus jardins, soprar algumas sementes, derramar algumas gotinhas de água... Agora... colocaram chaves no portão de acesso. Não posso nem mais entrar no terreno central. Fico olhando suas casas da rua. E vejo apenas uma janela pequenina... É só que posso ver. A casa do sol tem chaves há muitos séculos. Não posso entrar. Nem sei se um dia pude... Do jardim, só posso ver a primeira folha de alguns hibiscos.... É isso! Fiquei completamente só. Do jeito que era antes de sair da concha escura... Então... É prá lá que devo voltar... Enrolar-me em nuvens de solidão e dormir o sono da eternidade silenciosa e muda... No calabouço interior...
Maria
Enviado por Maria em 22/02/2011
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