Passos Soturnos
passos soturnos
caminham pontes sem início e fim.
pés descalços, feridos pela dor,
acordam recifes de sonhos
que submergem das sinaleiras
solitárias a fechar o caminho do céu.
nada há mais prá sonhar
do que os sonhos que continuam
a nascer, milênios após milênios.
na poesia, somente
o rufar silencioso
de uma ave aprendiz.
ouça a voz que se cala:
um sonho é mais do que
o bater das asas de um
tão pequeno colibri.
são duas asas abertas,
a se tocarem de longe
nas pontas !
mesmo que contemplando
dolorosamente
os sanguinolentos salpiques
da flecha cravada no peito.
os passos ensurdecem.
recolho os cacos do chão:
resquícios de sonhos
que nunca calam !
Maria
Enviado por Maria em 22/03/2011